Suécia tem algo a esconder quanto à guerra no Iêmen?

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Apesar da teórica civilidade na cooperação entre os serviços de voo da Suécia e dos Emirados Árabes Unidos (EAU), os controladores de tráfego aéreo suecos observaram uma aeronave dos EAU transportando equipamento militar de ida e volta ao Iêmen. O fato levantou suspeita de que o envolvimento da Suécia no conflito não é passivo.

Ao contrário das garantias da Administração da Aviação Civil da Suécia (LFV, sigla em sueco) de prestar serviços de voo de natureza estritamente civil com os Emirados Árabes Unidos, profissionais suecos que trabalham nos EAU, revelaram que a equipe da LFV tem controlado diariamente voos militares, envolvendo tanto caças como aeronaves de transporte com destino ao Iêmen e a outros lugares, informa a Rádio Sueca.

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Desde o ano de 2013, a subsidiária integral da LFV tem colaborado na gestão de companhias aéreas de cinco aeroportos nos Emirados Árabes Unidos, que estão envolvidos na guerra do Iêmen como parte da coalizão liderada pela Arábia Saudita.

O controlador de tráfego aéreo Jan Kaellstroem, que trabalhou no Aeroporto Internacional de Abu Dhabi entre 2015 e 2017, admitiu ter visto equipamento militar sendo carregado a bordo de uma aeronave de carga.

"Eu vi um carregamento em um helicóptero ou tanque, eram definitivamente armas", disse Kaellstroem para a Rádio Sueca.

Segundo ele, havia uma área militar delimitada dentro do aeroporto, onde as principais aeronaves militares de carga ficavam estacionadas. Kaellstroem admitiu ter prestado assistência diária às aeronaves militares de carga com destino ao Iêmen.

"Isso acontecia de vez em quando, talvez de 30 a 40 voos por dia. Quanto ao Iêmen, não tenho certeza, duas a três aeronaves por dia iam para lá", disse Kaellstroem, admitindo ter conflitos morais e se comparando a uma "aranha na teia".

A Administração da Aviação Civil respondeu que o manuseio de voos militares em aeroportos civis fazia parte dos deveres da aviação civil. Maria Wall Petrini, diretora executiva da subsidiária LFV nos Emirados Árabes Unidos, disse que teria sido problemático se a Suécia tivesse contribuído de algum modo no conflito no Iêmen, mas insistiu que a missão formal era estritamente de guiar a aviação civil.

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Anteriormente, foram lançadas dúvidas sobre a ética das exportações militares da Suécia para os países do Golfo envolvidos no conflito iemenita.

A propósito, a jornalista iemenita-sueca Afrah Nasser expôs que a Suécia interferiu na guerra iemenita ao dar continuidade às exportações militares para a Arábia Saudita e para os Emirados Árabes Unidos, apesar das violações dos direitos humanos terem sido documentadas pela coalizão liderada pela Arábia Saudita. Em um artigo opinativo publicado pela revista OmVaerlden, ela alegou que a falta de vontade política para impedir o comércio de armas com "as partes em conflito mais ativas" no Iêmen era inconsistente com o "papel principal" da Suécia nos esforços para resolver a crise humanitária na guerra. E exemplifica que a Finlândia e a Noruega suspenderam cooperação militar com a coalizão do Oriente Médio.

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A Suécia está entre os 30 maiores fabricantes de armas do mundo, e a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos estão entre seus maiores clientes. Entre 2010 e 2016, a Suécia vendeu armas no valor de 6 bilhões de coroas suecas (US$ 730 milhões) para a Arábia Saudita e 2 bilhões de coroas suecas (US$ 240 milhões) para os Emirados Árabes Unidos. Além disso, os Emirados Árabes Unidos estão prestes a negociar um contrato de 11 bilhões de coroas suecas (US$ 1,35 bilhão) com a Suécia, informou a OmVaerlden.

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