Opinião: Rússia erra no caso Skripal ao acreditar que lida com jogadores honestos

© AP Photo / Toby Melville/PAPrimeira-ministra britânica, Tehresa May, no local onde Sergei Skripal e sua filha foram encontrados inconscientes
Primeira-ministra britânica, Tehresa May, no local onde Sergei Skripal e sua filha foram encontrados inconscientes - Sputnik Brasil
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Mais de 20 países seguiram o exemplo do Reino Unido e expulsaram diplomatas russos devido ao envenenamento do ex-espião Sergei Skripal. O especialista do Instituto Paul Ron para a Paz e Prosperidade, Daniel McAdams, comentou a situação à Sputnik.

De acordo com o analista, dificilmente a expulsão de diplomatas pode ser considerada como algo espontâneo em resposta ao envenenamento do ex-espião russo.

"Nós não vimos as vítimas do envenenamento. Não foram apresentadas nenhumas evidências. Na realidade, a Suprema Corte do Reino Unido desmentiu as palavras de Theresa May, quando ela afirmou acreditar que eles [Skripal e a filha] foram envenenados com um gás nervoso da classe militar e que estava certa ter se tratado da variedade Novichok. Com base na análise de sangue, a Suprema Corte desmentiu este fato" afirmou o analista à Sputnik Internacional.

"Sendo assim, trata-se de um ataque bem coordenado, levado a cabo, provavelmente, pelos EUA e Reino Unido", acrescentou McAdams. 

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Analisando um possível motivo deste ataque coordenado, McAdams apresentou sua própria versão, alegando que se trata de um tipo de "verificação" da postura da Europa por Washington antes de futuras iniciativas da Casa Branca. 

O analista recordou que em maio prevê-se que o presidente Donald Trump anuncie a saída dos EUA do acordo com o Irã, e que a base da administração presidencial é constituída por neoconservadores que apoiam a guerra com Teerã, se referindo a tais funcionários de alto escalão como Mike Pompeo (Secretário de Estado), Gina Haspel (chefe da CIA), John R. Bolton (conselheiro do presidente).

"Surge uma questão: o que é que a União Europeia vai fazer? Será que vai apoiar os EUA e romperá o acordo, que provou ser bem sucedido e bastante lucrativo especialmente para tais países como a Alemanha, país que no momento disfruta de um considerável volume comercial com o Irã? Será que eles vão obedecer aos EUA e aceitarão prejuízos econômicos sem benefícios sensíveis?", perguntou retoricamente o analista.

Quando questionado sobre que país poderia ter envenenado Skripal, McAdams assinalou que não havia nenhum motivo para a Rússia se envolver neste incidente.

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"O problema é que isso não tem e não pode ter sentido. Para que Putin vai mandar envenenar um ex-agente duplo desnecessário que estava vivendo aposentado no Reino Unido, que não somente passou seu tempo em uma prisão russa, mas também foi mandado ao Reino Unido pela própria Rússia?", explicou.

McAdams destacou que não é preciso procurar por um sentido que não existe já que, essencialmente, o que a mídia faz é a difusão entre a população de teorias de que certos líderes são loucos. Isso serve para desencadear uma agressão contra outro país, como já aconteceu no caso com Muammar Kadhafi, Saddam Hussein, Bashar Assad e Kim Jong-un. "São loucos irracionais. Não podemos negociar com eles. Não podemos lidar com ele. Eles fazem loucuras sem sentido". 

"É isso que a propaganda faz", frisou o especialista.

Além disso, McAdams indicou o ponto fraco da postura russa no caso Skripal.

"A Rússia continua alegando que tudo isso tem a ver com a ciência, com a verdade, mas não é assim. Estes não são parceiros responsáveis geopoliticamente, tudo isto tem a ver com a política", afirmou.

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"Tudo é feito devido ao isolamento da Rússia, devido à Síria, e ao que pode ocorrer no futuro. Como se pode [então] justificar as ações dos EUA que continuam ocupando 30% do país quando o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários países] já foi derrotado?", acrescentou o analista.

Ao concluir, o especialista opinou como a Rússia deve agir neste caso.

"Acho que para a Rússia seria melhor acordar e perceber que o país não está lidando com mediadores e jogadores honestos. Trata-se de um jogo manipulador", ressaltou.

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