Essa posição do Japão é baseada na situação geopolítica do país do sol nascente e sua história dramática no século 20. Desde a 2ª Guerra Mundial, Pequim e Tóquio se acostumaram a não confiar um no outro. Os líderes atuais dos dois países, presidente chinês Xi Jinping e primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, comprovam a distância entre eles. Seus encontros bilaterais são uma raridade. Enquanto as relações entre a Rússia e a China não ultrapassavam as barreiras de parceria comum, o Japão não se mostrava preocupado. Entretanto, Tóquio demonstrou-se seriamente receoso com a perspectiva de uma união estratégica.
"Se a Rússia e a China se unirem com base em uma ideia antijaponesa, o receio de Tóquio se tornará real", disse à Sputnik Valery Kistanov, chefe do Instituto da Pesquisa do Extremo Oriente da Academia de Ciências da Rússia.
Segundo o especialista, a atmosfera entre os dois gigantes asiáticos está extremamente tensa e as relações entre o Japão e a China estão congeladas.
Seguindo a conduta de países ocidentais, o Japão limitou a importação de produtos da Crimeia e prometeu congelar ativos financeiros de russos que tenham os nomes vinculados à lista de sanções. No entanto, a rotatividade de commodities entre a península e o arquipélago nipônico é historicamente modesta. Já a elite russa não costuma manter dinheiro no Japão.
De acordo com os políticos japoneses, as sanções são brandas e não devem ser levadas a sério.
O governo japonês elaborou um plano que visa o estreitamento das relações com Moscou e, inclusive, criou um cargo de ministro para o desenvolvimento de laços econômicos russo-japoneses, o qual é inédito no Extremo Oriente.
"Washington expressa sua insatisfação com o fato do Japão não seguir os passos norte-americanos contra a Rússia […] O Japão, diferentemente dos outros países do G7, ainda não expulsou diplomatas russos em decorrência do incidente em Salisbury", concluiu Kistanov.