A fala aconteceu pouco antes da sessão que pode decidir se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será preso ainda nesta semana.
"Vivemos em tempos de intolerância e intransigência contra indivíduos e instituições, por isso é um momento em que você tem que perguntar a serenidade, que as diferenças ideológicas não são uma fonte de desordem social", disse em uma mensagem oficial divulgada pela TV Justiça, canal estadual coordenado pelo STF, algo que não acontece com a assiduidade.
A representante do mais alto órgão judicial do Brasil ressaltou que as ideologias não devem causar "inimizades sociais" e que a liberdade deve sempre ser expressa em relação ao outro.
"O Brasil merece respeito, o Brasil é todo cidadão que deve ser honrado em seus direitos, garantindo a integridade das instituições responsáveis por garanti-los", acrescentou.
A ministra não fez referências específicas, mas a declaração veio apenas dois dias antes do STF julgar um recurso de habeas corpus (pedido para avaliar a legalidade de uma prisão) preventiva interposto pela defesa do ex-presidente Lula.
Lula já foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por supostos delitos de corrupção. Se na quarta-feira a Suprema Corte rejeitar o habeas corpus, a Justiça poderá decretar sua prisão imediatamente.
Por outro lado, se o recurso for aceito, Lula poderá permanecer em liberdade até que todos os recursos sejam resolvidos nas instâncias superiores: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o próprio STF.
A importante decisão da Suprema Corte tem aquecido o clima nas últimas semanas, dado que os juízes deste tribunal estão recebendo pressão de ambos os lados, tanto para beneficiar como para prejudicar o ex-presidente.
A referência à "desordem social" feita por Cármen Lúcia também ocorre após dois ônibus caravana Lula terem sido atacados com tiros no Paraná, na semana passada, o que detonou o alarme sobre o clima de tensão que vive o país.
O movimento conservador Vem pra Rua convocou protestos para esta terça-feira em grandes cidades de todo o país para pressionar o Supremo e Lula entrar na prisão o mais rápido possível.
A presidente do STF se reuniu na segunda-feira com policiais graduados para discutir o esquema de segurança a ser implementado em Brasília no dia da sessão sobre o habeas corpus de Lula.