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'Brasil deveria exigir sanções aos EUA por sobretaxar aço e alumínio', diz especialista

© REUTERS / Kevin LamarqueDonald Trump durante um encontro com o emir sheikh Tamim bin Hamad al-Thani em 10 de abril de 2018 em Washington
Donald Trump durante um encontro com o emir sheikh Tamim bin Hamad al-Thani em 10 de abril de 2018 em Washington - Sputnik Brasil
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Em uma nota conjunta divulgada nesta quarta-feira (3) pelos ministros da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, o governo brasileiro disse que os Estados Unidos interromperam as negociações e decidiram aplicar medidas restritivas às importações de aço e alumínio do Brasil.

No último dia 30, a Casa Branca anunciou que eximiu Brasil, Argentina e Austrália das tarifas sobre o aço e o alumínio, mas impôs cotas para restringir as importações.

Segundo o governo americano, os pactos com esses três países são "princípios de acordo" cujos detalhes serão divulgados em breve.

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Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista Luiz Carlos Prado, professor de Economia Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disse que os Estados Unidos podem receber sanções caso o Brasil entre com uma reclamação na Organização Mundial do Comércio (OMC).

"Uma eventual condenação dá o direito ao Brasil retaliar os Estados Unidos em uma proporção equivalente às perdas geradas por essa política. Isso não necessariamente leva a uma mudança de política, mas é uma medida disponível e que existe no cenário internacional", afirmou o professor.

Prado diz que a medida de Donald Trump de impor no fim de março as tarifas de 10% ao alumínio e de 25% ao aço foi uma "decisão unilateral" e que podem significar um "novo marco nas relações entre os dois países".

"Mostra que as negociações internacionais estão ficando mais duras, sugere que o Brasil deve ser menos ingênuo na suposição que as relações econômicas são baseadas em algum princípio abstrato de livre comércio. São muito mais duras do que sugere alguns comentaristas econômicos nas redes de TV ou em grandes jornais brasileiros", afirmou Prado.

De acordo com o governo brasileiro, a Casa Branca ofereceu ao Brasil a opção de sobretaxa ou quotas de exportação. O setor de alumínio deve optar pela primeira e, o de aço, pela segunda.

Perguntado se a indústria brasileira de aço e alumínio deveria procurar outros países para fazer negócio, Prado diz que a estratégia deveria ser outra.

"A política que seria mais adequada para o Brasil seria também procurar criar restrições às importações de aço e tentar ampliar a produção voltada para o mercado doméstico, puxando o crescimento da indústria nacional e fechando um pouco mais a economia doméstica nesse segmento. Seria uma saída mais pragmática do que procurar vender isso para terceiros mercados", argumenta.

O Brasil é o segundo maior exportador de aço para os Estados Unidos. Em 2017, foram exportados aos EUA US$ 2,63 bilhões em aço, o equivalente a 33% das vendas brasileiras do produto para o exterior, segundo dados oficiais do Ministério da Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O Brasil exportou no ano passado US$ 120,7 milhões em alumínio para EUA, cerca de 15% do total vendido para o exterior.

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