Segundo escreve o ex-ministro do Exterior e da Defesa de Israel, Moshe Arens, em seu artigo para o jornal Haartez, ao manter presença militar russa na Síria, Vladimir Putin demonstrou alto nível de perspicácia. "Depois de salvar Assad [Bashar, presidente sírio] da derrota, Putin se tornou seu defensor". Por isso, agora Assad é devedor de Putin, destaca.
No entanto, desse modo a Rússia entrou no conflito existente entre Síria, apoiada pelo Irã, por um lado, e Israel por outro. Até o momento todos os acordos russo-israelenses firmados com objetivo de evitar confrontos diretos foram úteis.
Mas agora, Putin decide fornecer os complexos de defesa antiaérea à Síria que farão com que Assad tenha a oportunidade de atacar aviões israelenses que derrubam alvos iraquianos na Síria. Na opinião do autor, isso pode agravar a situação na Síria a resultar até em um conflito armado entre Rússia e Israel. "Para Putin, tudo isso é jogo, cujo êxito é difícil de predizer", sublinha.
Entretanto, no decurso da Guerra do Líbano de 1982, Israel destruiu os mísseis soviéticos, sem perder nenhum avião. "Naquele tempo as tecnologias soviéticas se enfrentavam por iguais, e aquele ataque foi ouvido por todo o mundo".
Atualmente, afirma o autor, Putin e seus generais estão perguntando se a Força Aérea de Israel consegue dominar os S-300. Se conseguir, isso será um choque para a defesa russa e suas posições no mercado internacional. Ademais, a colaboração entre Rússia e Irã na Síria também pode ser duvidosa. Além disso, pela primeira vez em um conflito sírio, a Rússia pode entrar em confronto direto com Israel. Então, parece que Putin tem que escolher a melhor opção, avisa o ex-ministro.