A PPSA foi criada especialmente para comercializar a parte da União nos projetos de petróleo do pré-sal na Bolsa de Valores.
Ele explicou que a empresa não participa dos riscos de produção e é praticamente um mecanismo criado pelo governo para participar dos lucros nos consórcios, de participar dos resultados da exploração.
"O significado desses leilões, é que o governo brasileiro, a União, passa a receber os recursos do petróleo. Até hoje, era a Petrobras que usufruía. Agora, com o regime de partilha, que foi instituído em 2010, a União passa a ter direito à uma parcela do que é produzido", explicou o especialista à agência Sputnik Brasil.
Segundo ele, o leilão não interfere na operação da Petrobras, que inclusive deve participar do leilão.
A principal discussão a ser suscitada, no entanto, será a forma de usar esses novos recursos que o governo brasileiro passará a receber a partir desse ano e que devem crescer cada vez mais, pontou o deputado federal do PT (BA), Afonso Florence.
"O Estado dispõe de reservas monumentais. O leilão de barris, se fosse uma iniciativa combinada com a preservação da preferência de 30% da Petrobras e com a distribuição tendo como base o fundo social, seria um cenário alvissareiro para o país", afirmou o político.
No entanto, segundo o deputado, as mudanças já realizadas pelo governo Temer beneficiam mais as empresas internacionais e não há garantia de que os recursos serão revertidos para a população.
Além disso, ele classificou as expectativas do governo para o leilão como demasiadamente otimistas.
"O problema maior é que o conjunto da política energética e a gestão da Petrobras são temerárias para o Estado brasileiro e para os interesses nacionais. E o governo tem insistido, não só no setor de petróleo, em anúncios extremamente otimistas e apresentado resultados pífios", constatou Florense.
De todo modo, tanto Florence, quanto José Mauro de Morais concordam que a produção vai crescer. Segundo de Morais, as grandes reservas do pré-sal devem suprir, em mais ou menos 5 anos, as necessidades nacionais de petróleo. As refinarias e o setor todo devem retomar os investimentos.
Ou seja, os recursos do pré-sal finalmente estarão dando retorno, com destino certo no orçamento. A questão é se haverá debate público para discutir o fim desses recursos, ou se o país seguirá o projeto da "Ponte do Futuro" do governo Temer e continuará congelando o investimento em áreas de interesse social.