Donald Trump declarou seu desejo de sair do acordo iraniano ainda durante a campanha eleitoral. Por isso, quando há um mês o presidente anunciou que os EUA não prolongariam o documento, poucos duvidaram de que não o fizesse. Já em abril, os preços do petróleo aumentaram 14%, atingindo o patamar de 4 anos atrás, isto é, 75 dólares por barril.
Os especialistas discutem três cenários possíveis. O primeiro é aquele com qual Trump conta, ou seja, a redução da presença iraniana no mercado global devido às novas sanções e o aumento dos preços até 85-90 dólares por barril.
Primeiro, isto vai desacelerar o crescimento econômico na China, dado que Pequim é um concorrente global para Washington. Segundo, serviria de motivação para aumentar a exploração do petróleo de xisto nos EUA. Terceiro, o agravamento das tensões geopolíticas vai aumentar o interesse dos investidores pelos ativos em dólares, fazendo com que os EUA reduzam o valor da sua dívida pública.
Os principais amigos estadunidenses também ficariam em vantagem, sublinha Rubchenko. A Arábia Saudita espera substituir o Irã nos mercados de petróleo ao aumentar suas vendas e reduzir o déficit orçamentário.
Já por causa do acordo OPEP+ a exploração saudita é quase 700 mil barris menor que dois anos atrás e, por isso, o país ficaria muito contente em ganhar oportunidade de aumentá-la.
Contudo, a maior parte dos especialistas acredita que a restauração completa do regime de sanções contra Teerã é quase impossível. Uma das provas disso é a reação as Europa à recente decisão de Trump: assim, os líderes da França, Alemanha e Rino Unido se apressaram a lamentar o passo do presidente estadunidense e recusaram aderir à sua postura.
É evidente que as sanções contradizem os interesses das empresas europeias, pois entre os maiores consumidores do petróleo iraniano estão, por exemplo, a Total francesa e a Eni italiana.
Por isso, os analistas acreditam que Trump, provavelmente, em breve mudará seu jogo, tanto mais que já falou sobre a disponibilidade de Washington de rever o acordo.
Deste modo, o cenário mais provável é o de Trump apelando para o Irã e outros signatários celebrarem um novo documento ou o abrandamento da posição em relação às empresas europeias que fazem negócios com Teerã. Caso contrário, uma "rebelião" da Europa é inevitável, frisa o autor.
O cenário mais catastrófico é o início de um conflito militar real na região do golfo Pérsico. Alguns analistas não descartam que Trump possa não se limitar às sanções econômicas e logo passe para a fase "quente" de confrontação. Israel, por sua vez, também pode botar lenha no fogo.
Em todo esse cenário, fica cada vez mais forte a posição dos radicais iranianos, inclinados a restaurar o programa nuclear, e isso aumenta a possibilidade de um conflito militar real entre os EUA e o Irã, com envolvimento israelense.
De fato, se pode concluir que o agravamento das relações entre Teerã, Washington e a Europa é vantajoso para a Rússia. O aumento dos preços do petróleo garante novos lucros e reduz a necessidade de introduzir novos impostos. Ademais, a situação de hoje pode levar a que a Europa até recuse a apoiar novas sanções contra a Rússia.