Em seu discurso no discurso sobre o estado da União, o presidente dos EUA, Donald Trump, referiu-se à Venezuela como "ditadura socialista" ao falar sobre a imposição de sanções econômicas severas contra o país latino-americano, informa um artigo publicado pelo site do canal RT Internacional.
Mais um "ofensor" de Washington é o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que disse que as eleições futuras na Venezuela, marcadas para 20 de maio, "não serão outra coisa senão fraude e farsa". Mas que tipo da democracia "fictícia" usa um processo eleitoral complexo que combina o sistema de votação eletrônico de impressão digital e a votação tradicional de papel? Talvez, Mike não saiba que o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, afirmou em 2012: "O processo eleitoral da Venezuela é o melhor do mundo."
Uma pesquisa recente dos Serviços Internacionais de Consulta (ICS, na sigla em inglês) revelou que o presidente atual da Venezuela, Nicolás Maduro, está liderando as sondagens, com 55,9% de aprovação. Então, como Mike Pence pode questionar a liderança de Maduro, se o presidente norte-americano conta com um ranking interno de no máximo 40%? Talvez ele tenha esquecido que a administração de Trump entrou no poder depois das eleições com menor número de votos dos últimos 20 anos.
Figuras políticas como Pence exigem que o "regime de Maduro restaure instituições democráticas" para "restaurar a democracia no país". Mas, na verdade, o único governo ditatorial que esteve no poder na Venezuela desde 1999 permaneceu somente dois dias em 2002 depois de o golpe militar ter temporariamente afastado do poder o ex-líder do país, presidente Chávez. É de assinalar que o governo norte-americano apoiou este regime que viveu pouco e começou a depor as instituições democráticas do país.
No entanto, um dos opositores, Henri Falcon, decidiu participar da corrida presidencial. Atualmente, a sua aprovação é de 25%. Sua decisão de participar do processo democrático fez com que o jornal The Miami Herald o chamasse de "traidor".
Falando sobre outra mídia, o jornal The Washington Post se referiu repetidamente à Venezuela como sendo uma ditadura madura, e as eleições deste ano foram batizadas de "notícia terrível para a democracia".
Mas antes das eleições de 2015 para a Assembleia Nacional, a mesma edição estava fazendo previsões sobre "aproximação das eleições sujas da Venezuela" que, a propósito, foram não só perdidas pelos socialistas de Maduro, mas eles também reconheceram imediatamente a derrota.
Claro que há algum criticismo legítimo da administração de Maduro cuja política exacerbou a situação. A Assembleia Nacional, dominada pela oposição, foi dissolvida em 2017 já que prestou ilegalmente juramento enquanto alegações de compra dos votos nas eleições de 2015 ainda estavam sendo investigadas.
Mas, apesar disso, somente 32% da população venezuelana apoia as sanções econômicas. Por isso, em vez de distanciar as autoridades de Caracas e população, estas medidas somente as aproximam. A prova disso é o ranking atual de Maduro que aumentou dos 20% em 2016 para 55,9% atuais.
Segundo disse há pouco o representante da Venezuela na Organização dos Estados Americanos, Samuel Moncada, a administração de Trump é a mais "racista e intolerante das últimas décadas". Muitos venezuelanos percebem que os interesses dos EUA na América Latina não correspondem aos interesses dos pobres. Eles percebem a natureza do "poder suave" à americana que tradicionalmente consiste em apoiar políticos da direita.
Se Trump introduzir o embargo de petróleo, como promete, isso levaria a Venezuela ao colapso, exacerbando a vida dos venezuelanos comuns, já que 95% do lucro das exportações da Venezuela vem da companhia estatal petroleira, PDVSA. Em caso de embargo, o governo seria incapaz de garantir programas de educação, saúde e moradia para a população necessitada.
Mas o artigo conclui que há sentimentos anti-imperialistas muito fortes no país, bem como orgulho nacional, por isso as pessoas não vão se render tão facilmente. Se Trump for imprevisível ao ponto de lançar uma operação militar contra a Venezuela, seria a sua crise de Suez.