Os presentes chegaram à conclusão de que, em meio à desaceleração dos ritmos de crescimento no mundo, bem como devido à mudança de equilíbrio de poderes no comércio internacional, os países africanos têm que apostar na China e na sua moeda.
A China tem se tornado um país importante para a África. De acordo com a Universidade de Boston, no ano passado, um terço de todos os investimentos chineses no setor energético foi destinado à África, o que correspondeu a US$ 6,8 bilhões (R$ 25 bilhões). Desde 2000, a China investiu neste setor africano US$ 34,8 bilhões (R$ 129 bilhões). Há motivos para pensar que agora a China está mudando suas prioridades de investimento, optando pela África.
Por sua vez, os países africanos reagiram ao crescimento da presença chinesa na economia da região. Em 2016, de acordo com os dados da SWIFT, o volume de pagamentos expressos em yuan no Sul de África cresceu 65%.
Com a inclusão da moeda chinesa na cesta de Direitos Especiais de Saque (DES, na sigla em inglês), a maior parte dos países africanos transferiu uma parte de suas reservas financeiras para yuanes. Alguns países, como por exemplo, o Zimbabwe e Angola, reconheceram o yuan como o meio de pagamento legítimo.
"Na África o yuan é amplamente utilizado. Primeiro, no que se refere aos pagamentos comerciais. Segundo, na área dos investimentos e mercados financeiros, especialmente à luz do recente lançamento de contratos futuros expressos em yuanes […] onde o yuan pode ser utilizado como meio de pagamento. Terceiro, as reservas internacionais dos países africanos também podem ser formadas em yuanes, além de dólares", assinalou.
Além disso, segundo Liu Ying, o yuan é uma moeda mais segura do que o dólar.
"Em meio ao crescimento de juros e ao efeito do programa de normalização do balanço do Sistema de Reserva Federal dos EUA, a fuga de dólares se torna uma situação inevitável. Agora, em vários países africanos é registrado um défice de dólares. Sendo assim, optar-se pelo yuan é uma medida lógica e oportuna para a África. O yuan é uma moeda muito estável, capaz de assegurar apoio e segurança quer nos pagamentos comerciais, quer nos investimentos financeiros ou na criação de reservas", destacou o professor.
A internacionalização do yuan é impossível sem a mitigação das ditas restrições. Contudo, não está claro como a moeda do país asiático vai se comportar após o seu possível cancelamento. Além disso, o crescimento da demanda internacional de yuan e seu reforço levarão ao défice da balança comercial chinesa.
Entretanto, o analista não vê uma grande ameaça deste processo para a economia.
"Acredito que o yuan não irá se reforçar, mas sim, estabilizar. O mais importante agora é apoiar a estabilidade. No que se refere às exportações, elas não dependem plenamente da taxa de câmbio. Ultimamente, temos tido volumes de exportações bem suficientes".
A internacionalização do yuan está decorrendo de forma bastante rápida. De acordo com o Banco Central da China, no fim de 2017, mais de 60 países estavam utilizando o yuan na qualidade de moeda de reserva. Vale destacar que o yuan vem reforçando suas posições não somente na África. O Banco Central Europeu investiu €500 milhões (R$ 2,1 bilhões) de suas reservas em ativos expressos em yuanes. É provável que o volume de transações internacionais feitas em yuanes cresça também por todo o mundo.