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Benefícios sociais estão impedindo crescimento econômico do Brasil?

© Foto / Jefferson Rudy/Divulgação/ Senado FederalBolsa Família
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O Brasil vai crescer menos que o previsto neste ano. Ao menos esta é a previsão da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reduziu a perspectiva de crescimento do PIB nacional para 2% citando que o país paga benefícios sociais para quem não precisa.

A estimativa da Organização é menor que a prevista anteriormente, de 2,2%. O valor também é menor que o que aponta o boletim Focus, divulgado pelo Banco Central de acordo com a expectativa do mercado. Já para 2019, o estudo prevê que o PIB do país deverá crescer 2,8% em 2019.

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Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas no Rio (FGV Rio) István Kasznar observou que, independente do gasto com benefícios sociais, a diferença de crescimento entre o que projeta o governo e a realidade já era esperado. Para o especialista, o governo tentou mostrar uma imagem de "retomada pujante da economia com uma capacidade de reduzir o déficit público". Não foi o que aconteceu.

"O quadro mudou drasticamente, o próprio governo admite que se o crescimento chegar a 2,5% do PIB vai ser muito, o mercado também está revisando as taxas. Com essa gigantesca dos caminhoneiros, os indicadores vão mostrando que a paralisia econômica e podem chegar facilmente a 0,5%, 1%. A previsão da OCDE dentro de um quadro tão complicado é até gentil", avalia.

A avaliação do estudo da OCDE faz uma ressalva ao Bolsa Família e classifica o programa como um sucesso. Não foi uma opinião diferente do que o apontado pela própria organização em março deste ano, quando Jens Arnold, economista responsável pelo Brasil disse acreditar que este era o único gasto brasileiro que efetivamente chega aos mais pobres.

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Por ano, o Brasil desembolsa 0,5% do PIB com o Bolsa Família. É bem menos do que o gasto com o pagamento de servidores públicos (7,32%) e consideravelmente menor que a cifra destinada ao pagamento de juros da dívida pública. Em 2015, o Ministério do Desenvolvimento Social previu que o gasto de um único ano com os juros da dívidas são superiores a todo o montante gasto com o programa desde a sua criação em 2003.

Para Kasznar, porém, o problema maior se concentra no acompanhamento dos gastos com benefícios sociais. De acordo com o economista, tem sido "comum perceber problemas associados ao Bolsa Família, Farmácia Popular, Minha Casa Minha Vida e diversos outros programas que foram desenvolvidos e que, no fundo, não são acompanhados da devida auditoria e percepção numérica família a família nos seus verdadeiros direitos e obrigações".

"Quando o indivíduo adquire um nível de renda [superior], ele por si mesmo deveria entregar ou abrir mão de uma bolsa governamental, mas isso tem sido sumariamente raro, piorando os requisitos de uma distribuição de renda mais adequada. Não podemos esquecer que há pobreza, mas há absurdos. Este ano no Rio Grande do Sul houve novas 57 mil seguros defeso por conta da pesca, mas há localidades em que sequer há rios ou lagoas. Como justificar isso?", critica.

O economista conclui dizendo que é preciso "monitorar e fiscalizar muito melhor e com ética exatamente estes benefícios que em certos casos são necessários, mas que em outros viraram moeda de troca para angariação de votos junto a agremiações e partidos políticos".

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