A sugestão veio do político alemão e membro do Parlamento Europeu, Markus Ferber. Ele afirmou que a tríade poderosa — o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) — pode ser forçada a tomar medidas extremas e "invadir" a Itália. Para seu próprio bem.
"Na pior das hipóteses, a Itália — como a Grécia — vai à falência", disse o político alemão em uma entrevista publicada por um correspondente da TV alemã ZDF. "Então a tríade terá que invadir Roma e assumir o Ministério das Finanças da Itália".
Ferber também afirmou que a possibilidade de a Itália entrar em bancarrota teria sérios desdobramentos para a Europa, que não seria capaz de conter a crise financeira ou pagar as dívidas da Itália.
A posição desafiadora tomada pelo membro do Parlamento da UE não caiu bem em Roma. O líder do anti-establishment da Liga do Norte, Matteo Salvini, respondeu à ameaça no Twitter, incitando os alemães a cuidar de seus próprios negócios, acrescentando que "sempre que os alemães falam em 'invadir' um país, isso nunca é um bom sinal".
O conflito entre Salvini e os políticos alemães decolou quando o chefe do orçamento da UE, Gunther Oettinger, insinuou que a Itália era desaconselhada a votar nos populistas que pensavam em alienar a Itália da zona do euro.
Apesar do fato de que tanto o jornalista que entrevistou Oettinger quanto o executivo da UE rejeitaram o comentário como incorretamente traduzido e mal interpretado, suas desculpas pouco significaram para aqueles que vociferavam nas redes sociais.
A observação ameaçadora provocou uma avalanche de críticas. Indignado com o que ele chamou de "desejo alemão de hegemonia", Salvini disse que as autoridades de Bruxelas "não tinham vergonha alguma" e insistiu na renúncia imediata de Oettinger.
Chegando apenas um dia depois da principal gafe do chefe do orçamento da UE, a declaração de Ferber dos planos da tríade de obrigar Roma a obedecer à zona do euro soava perigosamente semelhante ao que já acontecia na Grécia.
Em 2015, o povo grego se opôs veementemente às medidas de austeridade decretadas pela tríade. A Grécia tentou resistir à pressão de autoridades da UE para cumprir suas severas metas orçamentárias, mas, sob intensa pressão de Bruxelas e Berlim, o governo grego fechou seus olhos para a vontade das pessoas cansadas da austeridade e promulgou medidas ainda mais duras.