"Hoje ninguém pode ser preso, principalmente no império da prisão preventiva. Meu medo é que o devido processo não seja respeitado", disse Marun ao UOL, acrescentando com segurança que Temer vem sendo "perseguido".
Marun, que ocupa uma posição de articulação no governo Temer, criticou a atual luta contra a corrupção que leva o sistema judiciário a considerá-la fora dos limites estabelecidos pela Constituição.
"No Brasil, temos duas categorias profissionais que podem ser as únicas que não têm responsabilidade sobre suas ações: juízes e promotores", alfinetou.
Embora Marun preveja um futuro complicado para Temer quanto este a perder o seu status privilegiado, ele não acredita que uma terceira denúncia hipotética possa vir à tona nos próximos meses.
Temer é investigado pela Polícia Federal por supostamente ter se beneficiado com um decreto para algumas empresas no porto de Santos (sudeste), em troca de subornos.
A polícia tem até o início de julho para coletar provas e, a partir de então, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode registrar uma nova denúncia contra Temer por corrupção, a terceira desde que ele assumiu o cargo.
Marun disse que, caso se materialize uma terceira denúncia, ela será "enterrada" no Congresso, no qual a Câmara dos Deputados tem o poder de autorizar que Temer seja investigado ou não. Nas duas primeiras ocasiões, os parlamentares escolheram arquivar as investigações – elas voltam a correr quando Temer deixar o cargo.
No entanto, vários analistas políticos apontaram recentemente que uma terceira queixa seria especialmente sensível para o presidente devido à proximidade das eleições de outubro.
Membros que o apoiaram antes seriam mais relutante em ser associados à salvação do líder do governo, que se acumula altos níveis de impopularidade e não pretende concorrer às eleições.