"Eu o vi de bom ânimo e com muito humor, com alguns quilos a menos, lendo muitos livros e preocupado, como não poderia ser de outra maneira", disse Mujica em declarações à imprensa citadas em um comunicado do Partido dos Trabalhadores (PT).
Mujica disse que a grande questão do encontro entre os dois foi a preocupação com o destino do Brasil e da América Latina.
"Meu país é a América Latina, o mundo que vem daí exige que os latino-americanos percebam que temos que ser fortes juntos, senão o futuro não existirá", ressaltou o líder uruguaio.
Mujica lembrou que os países latino-americanos, apesar de possuírem "colossos" como o Brasil, não representam nem 10% da economia mundial, então, na sua opinião, precisam se unir e olhar para frente.
O líder uruguaio também recordou os anos em que Lula governou o Brasil, agradecendo-lhe por seu papel de potência regional.
"Quando Lula foi presidente desse gigantesco país, em uma atitude de grande consideração e respeito aos pequenos países da América Latina, o Brasil se comportou como uma espécie de irmão mais velho", afirmou.
Nesse sentido, Mujica expressou seu desejo de que o gigante sul-americano se recupere da crise política e econômica pela qual está passando.
"Se o Brasil está indo bem, estamos indo bem, se o Brasil não está indo bem, estamos indo mal", pontuou ele, referindo-se aos uruguaios.
União latino-americana
Além de visitar Lula, o presidente uruguaio também visitou o acampamento no qual militantes e apoiadores de Lula e do PT estão instalado desde o dia 7 de abril (quando Lula entrou na prisão), como demonstração de apoio ao ex-presidente.
Em uma mensagem aos militantes, Mujica parafraseou as últimas palavras de Lula em liberdade, repetindo que homens e mulheres podem ser detidos, mas não as causas que defendem, e comentou que "Lula é todo mundo, todo mundo que tem problemas na América Latina".
Mujica estava acompanhado da senadora e presidente da PT, Gleisi Hoffmann, que na terça-feira foi absolvida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de uma acusação de corrupção, o que, segundo ele, o deixa otimista quanto às futuras decisões dos magistrados.
"Parece muito positivo para mim no sentido de que o devido processo legal tenha sido resgatado, e não usar confissões como prova", destacou o uruguaio.
No dia 26 de junho, o Supremo julgará um pedido de defesa de Lula para que o ex-presidente possa permanecer em liberdade enquanto os recursos apresentados contra sua sentença forem julgados.
Naquele dia, o ex-presidente poderá ser libertado temporariamente. No momento, ele já começou a cumprir a sentença de 12 anos e um mês foi imposta em segundo grau por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O líder da esquerda brasileira é candidato às eleições gerais de outubro e favorito em todas as pesquisas, embora seja improvável que ele possa se apresentar, já que a Justiça Eleitoral proíbe a candidatura de condenados em segunda instância.