Segundo o estudo, publicado na revista Nature, o desenvolvimento da crosta de um planeta é a fase final da sua formação e começa com a “acreção de partículas do disco de gás protoplanetário”, explicou a Science News. A acreção é a acumulação de matéria na superfície de um corpo celeste, proveniente do meio circundante.
Os especialistas do Museu de História Natural da Dinamarca chegaram a essas conclusões ao examinar pedaços do meteorito conhecido como “Beleza Negra” (Black Beauty). Esse meteorito vindo de Marte foi encontrado no Deserto do Saara em 2011.
"Nossos resultados indicam que Marte solidificou e arrefeceu ao longo de 20 milhões de anos após a formação do Sistema Solar", disse Martin Bizzarro, coautor do estudo. "Isso significa que a água líquida poderia ter existido na superfície do planeta naquele tempo e, por conseguinte, esse ambiente poderia ter sido adequado para o desenvolvimento da vida", disse ele.
"Isso é muito antes do que ocorreu na Terra, cerca de 100 milhões de anos antes, e significa que a vida poderia ter surgido inicialmente em Marte", acrescentou Bizzarro,
O meteorito continha vestígios de zircão, um mineral que atua como "cápsula do tempo". Por isso, os pesquisadores conseguiram determinar a idade da crosta de Marte, medindo o chumbo decaído do urânio que estava preso em zircão.
"Esses resultados revelam que a formação inicial da crosta [de Marte] – que é o produto final da formação planetária – aconteceu muito mais rapidamente do que se pensava anteriormente", disse Martin Bizzarro.
Assim que o planeta é formado por este processo, ele rapidamente se diferencia e se cristaliza para formar uma crosta. Modelos anteriores sugeriam que a diferenciação planetária pode levar até 100 milhões de anos", acrescentou Bizzaro.
Atualmente existem dois modelos que explicam a formação dos planetas: um que indica uma escala de tempo de 50 a 100 milhões de anos e outro que sugere um período de tempo muito menor.