Esta estratégia poder estar relacionada tanto à aplicação de uma agenda política como a uma tendência geral no mundo, opina o colunista. Desde 2017, a Rússia reduziu para metade o volume de seus recursos financeiros investidos em títulos norte-americanos, para 48,7 bilhões de dólares (R$ 185 bilhões), aumentando, ao mesmo tempo, suas reservas de ouro.
"Não é apenas uma conduta habitual de um país que tem de combater uma incrível política de sanções dos EUA, mas é parte de uma tendência geral através da qual os governos estrangeiros e as organizações internacionais diminuem seus investimentos na dívida norte-americana", disse Bershidsky.
Não é de esperar que o mundo continue investindo na dívida dos EUA nos níveis anteriores, independentemente da política que Washington aplica e do potencial econômico que o país tem. “A mudança de preferências da Rússia e da Turquia pode ser um sinal de mudanças globais ainda maiores", sublinhou o autor do artigo.
Bershidsky acredita que os EUA podem continuar se contentando com o fato de os volumes de investimentos estrangeiros em títulos do Tesouro dos EUA estarem subindo. Entretanto, Washington tem várias razões para se preocupar com o domínio do dólar nas reservas cambiais estrangeiras de outros países.
Segundo o Conselho Mundial do Ouro, a parte de títulos do tesouro dos EUA nas reservas de outros países caiu de 28,1% em 2008 para 25,4% em 2018, enquanto a percentagem de ouro não mudou e continua representando 11%.
O analista sublinhou que os governos e bancos centrais de vários países mostram cada vez menos interesse pelos títulos do Tesouro dos EUA e apostam no ouro, porque não querem inflar a dívida pública norte-americana. Além da Rússia e da Turquia, a Bielorrússia e o Cazaquistão também fazem parte desse grupo.
Nos primeiros três meses de 2018 os bancos centrais de vários países compraram 116,5 toneladas de ouro. São os maiores volumes desde 2014 e superam em 42% as aquisições desse metal precioso feitas no primeiro trimestre de 2017, concluiu o jornalista.