Em negociação desde dezembro de 2017, os primeiros detalhes do negócio entre as duas gigantes da aviação começaram a vir a público. A Boeing está disposta a pagar US$ 3,8 bilhões por 80% de uma joint-venture com a Embraer criada para operar no segmento de aviação comercial.
A área de Defesa da Embraer continuaria como exclusividade da companhia nacional.
A medida, contudo, pode sufocar o setor já que os recursos da aviação comercial respondem pela maior parte do faturamento da ex-estatal brasileira. Em 2016, a divisão de aviação comercial e executiva representou 85% do lucro líquido de R$ 21,43 bilhões da Embraer.
A Boeing argumenta que pode conseguir abrir mercados no setor de Defesa para a Embraer, especialmente para o cargueiro KC-390.
"É uma péssima notícia para os brasileiros e uma ótima notícia para os acionistas americanos e o governo americano. Com esse tipo de fusão anunciado hoje, a Boeing passa a ter uma proximidade e controle maior sobre o sistema de Defesa do Brasil. Estamos expondo o Brasil", diz Herbert Claros.
Claros diz que cerca de 300 funcionários da Embraer em São José dos Campos já foram demitidos desde o início das negociações e há casos de demissões em outras unidades. Ele afirma que o Sindicato solicitou uma reunião com a Embraer, mas a empresa recusou. "É um processo de limpeza que a Boeing deve estar fazendo como exigência".
"A Boeing nos Estados Unidos não é uma fábrica que tem tradição de proteger seus trabalhadores, pelo contrário. Nós visitamos os EUA no começo desse ano, o Sindicato, e trouxemos uma informação que é bizarra: nos últimos 5 anos, a Boeing demitiu 36 mil trabalhadores dos Estados Unidos".
O diretor sindical também diz que Temer deveria vetar a transação, assim como "qualquer presidente" que seja eleito em outubro.
O Governo Federal detém a chamada "Golden Share", ou ação de classe especial. Com ela, o Palácio do Planalto pode vetar alterações na Embraer em sete casos, como transferência do controle acionário e possíveis negócios que comprometam os programas militares do Brasil.