O jornal britânico The Times, publicou em 8 de junho uma notícia sobre o Reino Unido pretender enviar para a Bósnia e Herzegovina um contingente militar adicional de 40 militares no âmbito da missão UE-OTAN no país a fim de evitar a interferência da Rússia nas eleições gerais a serem realizadas em 7 de outubro. A publicação citou palavras do ministro da Defesa britânico Gavin Williamson, que disse que agindo dessa forma Londres se preocupa que as eleições na Bósnia e Herzegovina sejam justas e honestas, sem intervenções "prejudiciais" externas.
A declaração de Williamson não encontrou compreensão entre a população sérvia da Bósnia e Herzegovina e causou a indignação de Milorad Dodik, porque a implementação de tropas estrangeiras em qualquer país tendo como justificativa monitorar a transparência do processo eleitoral não é uma prática comum.
"É tudo uma farsa. Na verdade, eles são especialistas que trabalham em redes sociais, na mídia, em grampos, sua tarefa é criar o caos e desestabilizar a República Sérvia", disse Dodik ao comentar a chegada de mais 40 militares britânicos.
Finalmente, em 3 de julho, a representação diplomática do Reino Unido em Sarajevo negou a declaração inicial do ministro da Defesa britânico, dizendo que não se trata de prevenção contra a influência russa, mas de um reforço planejado da missão EUFOR Althea da União Europeia na Bósnia e Herzegovina.
A embaixada britânica acusou Dodik de "inventar ameaças falsas", o que poderia complicar o relacionamento a longo prazo entre o Reino Unido e a República Sérvia. Em resposta, Dodik aconselhou os diplomatas britânicos a dirigirem suas acusações de "inventar ameaças" ao seu próprio ministro da Defesa.
O interlocutor da Sputnik Sérvia, o ex-diplomata Zoran Milivojevic, acredita que a reação mais provável de Londres é a transição para um modo de comunicação direta com as autoridades centrais da Bósnia e Herzegovina em Sarajevo, ignorando as autoridades da República Sérvia.
"Esta estratégia pode ser aplicada politicamente nas áreas de comunicação e relações bilaterais, economicamente – nos investimentos e, finalmente, ela pode ser direcionada para a promoção da ideia de uma Bósnia e Herzegovina unitária, porque a centralização do país contraria os interesses da República Sérvia", explica Milivojevic.
Ele acredita que as ameaças do Reino Unido têm como objetivo fazer Dodik entender três coisas. Primeiramente, que Londres não aprova a política de Banja Luka.
"Em segundo lugar, a reação de Londres prova que a política de Banja Luka é eficaz e contraria os interesses do Reino Unido", disse.
"Deve-se levar em consideração que o Reino Unido, que vai se retirar da União Europeia, planeja continuar a implementação de sua própria política 'separada' no âmbito antirrusso. […] O Reino Unido fará de tudo para parar o crescimento da influência russa nos países dos Bálcãs e Londres assumirá a campanha antirrussa se for preciso. Neste contexto, é evidente que a questão sérvia nos Bálcãs como um todo e a situação da Republica Sérvia, em particular, serão examinados pelo mesmo prisma", concluiu Milivojevic.