Em 2017, os cinemas chineses ganharam 55,9 bilhões de yuans, ou seja, 33,46 bilhões de reais. Em relação ao ano de 2016, os respectivos lucros aumentaram 22,3%. Entre os filmes estrangeiros mostrados na China, a parte leonina é de produção estadunidense.
"A guerra comercial entre a China e os EUA pode influir, sem dúvida, nas relações econômicas e comerciais entre os dois países, afetando também outras esferas, tais como a indústria cinematográfica, particularmente influenciar de modo negativo a divulgação de filmes norte-americanos na China", disse à Sputnik China o famoso crítico cinematográfico, Wu Jiang.
"Hoje em dia, na China está estabelecida uma cota anual de 34 filmes estrangeiros. Esta cota foi aprovada em 2012, como resultado de negociações entre Xi Jinping [líder chinês] e Joe Biden [ex-vice-presidente dos EUA no governo Obama], por um prazo de cinco anos. No futuro breve, essas mesmas condições devem ser revisadas. Devido à guerra comercial, há hipótese de que o número de filmes norte-americanos apresentados nos EUA seja reduzido", adiantou.
Já o diretor do centro de pesquisa de informações e comunicação social da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Zhang Shuhua, frisa que com suas medidas restritivas os EUA estão prejudicando apenas a si mesmos.
Dado que o mercado cinematográfico chinês é o que cresce com maior ritmo no mundo, qualquer produtor sonha entrar nele. Assim, caso os EUA percam seu lugar lá, os cineastas estrangeiros ganharão oportunidades inéditas.
De acordo com Wu Jiang, recentemente os espectadores chineses têm estado mais interessados em filmes de produção nacional, e a redução do número de filmes norte-americanos pode incentivar ainda mais esse interesse.
"Basta relembrar como, logo após o início da política de reformas e abertura na década de 80, a China foi inundada pelo boom da animação japonesa, surgiram as telenovelas latino-americanas, e mais tarde — os dramas coreanos. Agora é a hora certa para agir. Os norte-americanos prejudicam a si mesmos por tolice, e os russos voltam a ganhar confiança em si mesmos e fazem ressuscitar a sua cultura", observa Zhang Shuhua.