Segundo escreve o Neue Zurcher Zeitung, os EUA tratam assim quase todos os países, inclusive os seus "amigos". Lá se formou um modelo, segundo qual o presidente dos EUA diz uma coisa enquanto seus ministros fazem outra. Isso, por sua vez, confunde os diplomatas e políticos em todo o mundo, destaca o autor do artigo, Andreas Ruesch.
Ele opina que a aplicação de novas sanções contra a Rússia por parte dos EUA pode ser considerada algo de obscuro na política estadunidense. "Será que ainda em julho o presidente [dos EUA, Donald] Trump não sublinhava que conseguiu construir ótimas relações com o chefe do Kremlin, [Vladimir] Putin?", pergunta Ruesch.
Ademais, indica, o chefe da Casa Branca nunca criticou Moscou por envenenar o ex-agente duplo Sergei Skripal e sua filha em Salisbury. No entanto, foi esse ataque que serviu de motivo para adotar novas medidas punitivas, recorda o jornalista suíço.
Tal contradição é melhor observada na política norte-americana em relação à Rússia, mas não só. As cúpulas de Trump com seus homólogos iraniano, Hassan Rouhani, e norte-coreano, Kim Jong-un, podem caracterizar bem as ações do governo estadunidense.
"Nem amigo nem adversário têm imunidade contra duplicidade das autoridades americanas", assegura o autor.
Segundo escreve o jornalista, os políticos norte-americanos já tornaram claro que as fortes declarações de Trump nem sempre têm uma base sólida. Não obstante, o presidente dos EUA possui os poderes necessários para "converter seus caprichos em política oficial".