Abdel Aziz al Arayar, membro do Comitê Consultivo do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo, explicou em entrevista à Sputnik Árabe por que os países árabes não precisam abandonar o dólar.
Neste sentido, sublinha, os Estados Unidos têm tudo isso.
"Os EUA têm uma economia forte e diversificada e sua moeda é reconhecida em todo o mundo. É o líder mundial na área de produção, agricultura e turismo. Mesmo a China utiliza o dólar no comércio com eles", afirmou.
A crise atual na Turquia, segundo Arayar, deve-se ao fato de sua economia ser baseada em investimentos estrangeiros. "Logo que os investidores ficaram com dúvidas sobre a estabilidade turca, sacaram seu dinheiro do país", comentou o especialista, comparando a situação na Turquia com a da Malásia nos anos 90.
"Passando a realizar comércio em rublos ou em outra moeda, a Turquia não vai se salvar. É preciso restaurar a confiança na economia turca. É preciso diversificá-la, não se pode confiar apenas em investidores estrangeiros", frisou.
A opinião de Arayar sobre os países do golfo Pérsico é compartilhada pelo economista egípcio Muhammed Abdel Jawad. Como estes países mantêm fortes laços com os Estados Unidos, mesmo que queiram, não podem mudar a situação.
"Para um país sozinho é muito difícil se distanciar do dólar. Mas, se os países do golfo Pérsico decidirem fazer isso em conjunto e introduzirem uma moeda comum, o efeito seria enorme", ressaltou Jawad.
"Se os países do golfo Pérsico criassem uma moeda comum, o dólar iria tremer", concluiu o analista egípcio.
Especialistas do Banco Mundial apontaram ainda em junho para o processo de desdolarização no Irã. Em março, em meio à guerra comercial com Washington, Pequim lançou o comércio de futuros de petróleo em yuanes. Em abril, Teerã abandonou o dólar e optou pelo euro como moeda estrangeira de referência oficial. A Turquia também pensa há muito em abandonar a moeda norte-americana e agora, com a crise nas relações com os EUA, é muito provável que o país ponha os planos em prática.