Boa parte do abastecimento energético de Roraima é feito pelo Complexo Hidrelétrico de Guri, na Venezuela. Um relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em fevereiro do ano passado, apontou que a empresa venezuelana sofre com a falta de manutenção dos equipamentos, além de ainda enfrentar períodos de secas que impactam o nível das represas utilizadas para a geração de energia.
Uma reportagem da agência Reuters mostrou que já há registros de blecautes em cidades do estado de Roraima. A Sputnik Brasil entrevistou José Antônio Feijó de Melo, ex-diretor da Companhia Energética de Pernambuco e engenheiro elétrico. Ele defende, embora assuma que seja difícil, que o governo brasileiro faça um acordo com a Venezuela para auxiliar na manutenção do sistema.
"O sistema da Venezuela que atende Roraima é a ponta de um sistema da área hidrelétrica deles, é um sistema que está dependendo das condições econômicas difíceis que a Venezuela vem enfrentando e consequentemente a manutenção não deve ser das melhores. Poderia haver algum convênio com o Brasil para ajudar nessa manutenção", afirmou José Antônio.
O presidente Michel Temer se reuniu no final de julho com vários integrantes do governo para tratar da construção da construção de linhas de transmissão que ampliarão a distribuição de energia em Roraima.
Mas ainda assim, segundo José Antônio Feijó de Melo, mesmo que seja aprovada construção da linha de transmissão, a construção ainda vai demorar pelo menos um ano para estar pronta.
"Essa linha não foi iniciada a construção, tinha a previsão de estar pronta ano passado, mas o projeto não andou e isso faz com que o projeto vai levar mais de um ano para estar pronto", disse.
Em últimos casos, em situações de emergência, o governo brasileiro pode comprar usinas prontas, que servem para abastecer regiões que possuem consumo baixo de energia.
"Existem aquelas usinas de emergência, que você leva pronta já para o lugar. É só você ligar, então, há a possibilidade de ter coisas integradas assim, mas que dariam um grande alívio porque o consumo não é tão significativo", opinou José Antônio Feijó de Melo.
A linha de transmissão iria de Roraima até o Amazonas e teve a concessão arrematada pela Eletrobras e a privada Alupar no fim de 2011. No entanto, o licenciamento ambiental não foi concluído e as obras nem foram iniciadas por conta de problemas com comunidades indígenas que habitam a região e que seriam diretamente afetadas pelo empreendimento.