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Crise na Venezuela pode deixar Roraima 'no escuro'

© REUTERS / Nacho DocePoliciais da tropa de choque conversam com pessoas da Venezuela depois de checar seus passaportes ou carteiras de identidade no controle de fronteira de Pacaraima, Roraima, Brasil
Policiais da tropa de choque conversam com pessoas da Venezuela depois de checar seus passaportes ou carteiras de identidade no controle de fronteira de Pacaraima, Roraima, Brasil - Sputnik Brasil
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Que Roraima está sendo afetado pela grande leva de venezuelanos que saem da Venezuela e querem entrar no Brasil todo mundo está acompanhando. Mas o estado da região Norte brasileira pode estar prestes a passar por problemas sérios por conta da crise econômica e política do vizinho sul-americano.

Boa parte do abastecimento energético de Roraima é feito pelo Complexo Hidrelétrico de Guri, na Venezuela. Um relatório divulgado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em fevereiro do ano passado, apontou que a empresa venezuelana sofre com a falta de manutenção dos equipamentos, além de ainda enfrentar períodos de secas que impactam o nível das represas utilizadas para a geração de energia.

Uma reportagem da agência Reuters mostrou que já há registros de blecautes em cidades do estado de Roraima. A Sputnik Brasil entrevistou José Antônio Feijó de Melo, ex-diretor da Companhia Energética de Pernambuco e engenheiro elétrico. Ele defende, embora assuma que seja difícil, que o governo brasileiro faça um acordo com a Venezuela para auxiliar na manutenção do sistema.

"O sistema da Venezuela que atende Roraima é a ponta de um sistema da área hidrelétrica deles, é um sistema que está dependendo das condições econômicas difíceis que a Venezuela vem enfrentando e consequentemente a manutenção não deve ser das melhores. Poderia haver algum convênio com o Brasil para ajudar nessa manutenção", afirmou José Antônio.

O presidente Michel Temer se reuniu  no final de julho com vários integrantes do governo para tratar da construção da construção de linhas de transmissão que ampliarão a distribuição de energia em Roraima.

Mas ainda assim, segundo José Antônio Feijó de Melo, mesmo que seja aprovada construção da linha de transmissão, a construção ainda vai demorar pelo  menos um ano para estar pronta.

"Essa linha não foi iniciada a construção, tinha a previsão de estar pronta ano passado, mas o projeto não andou e isso faz com que o projeto vai levar mais de um ano para estar pronto", disse.

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Desde fevereiro, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) passou a analisar o fornecimento de energia elétrica ao estado. Atualmente, a única capital brasileira que ainda está eletricamente isolada do país é Boa Vista, cujo abastecimento é feito por meio do recebimento de energia vinda da Venezuela e também com geração térmica local.

Em últimos casos, em situações de emergência, o governo brasileiro pode comprar usinas prontas, que servem para abastecer regiões que possuem consumo baixo de energia.

"Existem aquelas usinas de emergência, que você leva pronta já para o lugar. É só você ligar, então, há a possibilidade de ter coisas integradas assim, mas que dariam um grande alívio porque o consumo não é tão significativo", opinou José Antônio Feijó de Melo.

A linha de transmissão iria de Roraima até o Amazonas e teve a concessão  arrematada pela Eletrobras e a privada Alupar no fim de 2011. No entanto, o licenciamento ambiental não foi concluído e as obras nem foram iniciadas por conta de problemas com comunidades indígenas que habitam a região e que seriam diretamente afetadas pelo empreendimento.

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