ONU pede que general de Mianmar seja processado por genocídio contra os Rohingya

© Sputnik / Shahnewaz Khan / Acessar o banco de imagensRohingya em Bangladesh
Rohingya em Bangladesh - Sputnik Brasil
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O relatório vem na esteira de meses de investigações do pessoal da ONU, que alegam uma campanha sistemática de "limpeza étnica" contra o maior grupo minoritário de Mianmar.

Um relatório das Nações Unidas recomendou que os altos oficiais militares de Mianmar "sejam investigados e processados" por realizarem genocídio e outras graves atrocidades contra a minoria muçulmana Rohingya no extremo oeste do país".

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O relatório marca a primeira vez que a ONU pede explicitamente que os oficiais de Mianmar sejam acusados ​​de genocídio por causa de sua campanha militar no Estado de Rakhine.

O relatório, baseado em uma investigação local conduzida em Mianmar, acusa as forças armadas do país do Sudeste Asiático de graves crimes de guerra contra os Rohingya. O texto documenta graficamente numerosos casos de assassinatos em massa, violação sistemática e tortura de crianças.

“Em alguns casos, centenas de pessoas morreram. Casas foram trancadas e incendiadas. Poucos sobreviveram ”, diz o relatório.

A publicação acontece apenas um ano depois que cerca de 700 mil rohingya fugiram de Mianmar para o vizinho Bangladesh em meio à violência entre o exército do país e uma facção de insurgentes armados.

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Militares de Mianmar — chamados de "Tatmadaw" — argumentaram que as mortes de civis não foram intencionais e sim um efeito colateral de uma ação determinada a conter grupos terroristas Rohingya escondidos entre civis. A ONU, no entanto, rejeitou tais alegações, concluindo que “a necessidade militar nunca justificaria matar indiscriminadamente, estuprar mulheres, agredir crianças e queimar aldeias inteiras. As táticas do Tatmadaw são consistente e grosseiramente desproporcionais às ameaças de segurança reais”.

A ONU aponta o dedo para membros específicos do alto escalão do Tatmadaw e culpa cinco altos funcionários por orquestrarem uma campanha de limpeza étnica. Além disso, o relatório culpa pessoalmente o notório Comandante dos militares, Min Aung Hlaing, como líder da campanha e pede sua acusação no Tribunal Penal Internacional.

Aung San Suu Kyi

A líder do Mianmar, Aung San Suu Kyi, ganhadora do prêmio Nobel da Paz, também foi apontada no relatório por sua alegada "inação".

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Para a ONU, Aung San Suu Kyi "não usou sua posição de fato como chefe de governo, nem sua autoridade moral, para conter ou impedir os eventos que se desdobram, ou buscar caminhos alternativos para cumprir a responsabilidade de proteger a população civil".

No entanto, esta não é a primeira vez que a ONU critica Suu Kyi, descrita pelo ex-presidente dos EUA Barack Obama em 2012 como “um ícone da democracia”. Em dezembro de 2017, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad Al-Hussein, sugeriu que a líder de Mianmar poderia ser "culpada" pelos crimes cometidos naquela época contra os Rohingya, que incluíam o deslocamento forçado e assassinatos em massa.

"Dada a escala da operação militar, claramente essas teriam que ser decisões tomadas em alto nível", disse o oficial.

Facebook

O Painel da ONU também criticou o Facebook por permitir que "discurso de ódio" contra os Rohingya se espalhassem pela rede social.

De acordo com a ONU, o Facebook, que se tornou um dos sites mais usados ​​de Mianmar nos últimos anos, tem sido explorado por grupos de vigilantes e militares do país para propagar o discurso de ódio e “propaganda” anti-Rohingya.

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O Facebook respondeu imediatamente às acusações na segunda-feira ao declarar que bloqueou as contas de 20 autoridades e organizações de Mianmar acusadas pela ONU para "cometer ou permitir sérios abusos aos direitos humanos".

Resposta dos EUA

Os Estados Unidos, que há muito tempo defendem Aung San Suu Kyi como uma garota propaganda da promoção da democracia, estão realizando seu próprio inquérito sobre a campanha militar de Mianmar. Uma porta-voz do Departamento de Estado disse acreditar que o relatório da ONU demonstra  “abusos generalizados dos direitos humanos” pelas forças de segurança.

Washington tem sido acusada de "lavar as mãos" em relação ao conflito, relutando em romper os laços com Suu Kyi e condenar suas operações militares como genocídio ou crimes contra a humanidade.

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No entanto, um funcionário amplamente citado sob condição de anonimato disse que as últimas descobertas da ONU podem pressionar o governo Trump para que ele tome medidas mais firmes, provavelmente sob a forma de pesadas sanções contra Suu Kyi e seu governo.

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