O Dia Nacional de Combate ao Fumo foi criado no Brasil pela Lei nº 7.488/86, para que o governo promova durante uma semana por ano "uma campanha de âmbito nacional, visando a alertar a população para os malefícios advindos com o uso do fumo".
Segundo o estudo "Tabagismo no Brasil: Morte, Doença e Política de Preços e Esforços", do Ministério da Saúde, o país tem um prejuízo anual de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo.
Para comentar o tema, a Sputnik Brasil entrevistou Alexandre Milagres, pneumologista da Fundação Ataulpho de Paiva e militante da causa antitabagista.
Milagres participou ativamente do lobby da criação do Dia Nacional de Combate ao Fumoa, à época do presidente José Sarney. A criação da data pôs o Brasil à frente da Organização Mundial da Saúde (OMS), que em 1989, três anos depois, instituiria uma data parecida em âmbito mundial, o 31 de maio.
"O Brasil está ranqueado como uma das experiências de controle do tabaco mais exitosas do planeta. A gente tem um índice de redução de prevalência do fumo no país que nenhum país alcançou. A gente passou de 36% a 32% [de fumantes] da população e hoje estamos em torno de 10%. Ninguém conseguiu alcançar esse resultado fantástico", enfatiza o pneumologista.
Ele alerta, no entanto, que recentemente o consumo de tabaco aumentou ligeiramente e aponta que o principal grupo nesse aumento foi o de mulheres.
"O que nós estamos observando agora é um ligeiro aumento desse consumo, notadamente entre os jovens, adolescentes do sexo feminino. As meninas, me parece, ainda estão precisando de um reforço de conscientização dos riscos do tabaco", aponta.
Apesar da queda mundial no consumo de tabaco, Alexandre Milagres afirma que novos artifícios estão em voga mundo afora para incentivar o uso do tabaco, como é o caso do cigarro eletrônico e seus semelhantes. Ele afirma que no Brasil esse tipo de produto ainda não é permitido, mas que há pressão para a liberação.
Porém, ele alerta que há um aumento do consumo de Narguilés no país. Seja em rodas de amigos, seja em bares e comércios voltados ao produto. Segundo o médico, esse produto é tão perigoso quando o tabaco e gera um consumo maior de substâncias tóxicas.
"Uma sessão inteira de uso de Narguilé equivale a você fumar 100 cigarros. Então o consumo de cigarro via Narguilé, o consumo das substâncias tóxicas é extremamente perigoso", informa o pneumologista.
Além de ações governamentais já existentes, o médico aponta que há no Congresso Nacional projetos que podem garantir ainda mais impacto na diminuição do consumo de tabaco.
Além disso, Milagres defende o Projeto de Lei Complementar 4/2015 para criar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre "a fabricação ou a importação de tabaco e seus derivados" para financiar iniciativas de tratamento e prevenção de doenças causadas pelo tabaco.
Ele cita também o Projeto de Lei nº 769/2015, que tramita no Senado que, de uma vez só, padronizaria os maços, proibiria a propaganda de cigarros nos pontos de venda e também proibiria o consumo de cigarro em veículos com menores em seu interior, tornando o ato uma infração de trânsito.
Apesar do lobby da indústria do cigarro, Milagres acredita que esses projetos intensificariam a campanha contra o cigarro no Brasil, impactando positivamente as contas e a saúde dos brasileiros.