"A Argentina precisa obter crédito e já não consegue crédito de grandes credores porque há medo de um calote. Por isso tiveram que ir para o FMI, a situação é muito, muito difícil, estamos no meio de uma tempestade", disse Duhalde.
Em meio a uma inflação elevada e grande déficit fiscal, o dólar está cotado em 39,8 pesos argentinos — o que disparou alarmes na Casa Rosada. O presidente Mauricio Macri promete uma série de medidas para lidar com a crise antes de um novo acordo com o FMI.
Em junho, o organismo internacional concedeu um empréstimo ao Governo de US$ 50 bilhões em um contrato de três anos. Para conseguir os recursos, Buenos Aires promete reformas para alcançar um déficit primário de 2,7% do produto interno bruto para este ano e 1,3% para 2019.
Mas a Argentina solicitou nesta semana que os próximos pagamentos sejam antecipados. Há uma reunião prevista entre o FMI e o ministro da Fazenda, Nicolás Dujovne, na terça-feira.
"A situação é complexa, podemos obviamente sair, mas estamos trabalhando, estamos tentando ajudar o governo, mas com enormes dificuldades que são superáveis", disse Duhalde.
O ex-presidente também solicitou ajuda ao FMI durante seu mandato e disse que não concorda com a aplicação das recomendações do organismo internacional. Duhalde foi mandatário em meio a crise de 2001 na Argentina, que também registrou uma brutal desvalorização do peso frente ao dólar. Na época, o país chegou a ter 5 presidentes em 12 dias.
Duhalde foi o último da lista de 5 presidentes após a crise aberta pela renúncia do então chefe do Executivo Fernando de la Rúa.
"É um governo que representa 1% da população da Argentina e que não entende os problemas sociais, estão afastados dela", disse Duhalde.
O ex-presidente também afirmou que a Argentina "esqueceu" os setores produtivos para ficar com o "capitalismo financeiro, um capitalismo que não cria trabalhos e se vai a qualquer momento".