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Menos ódio, mais paz: '11 de Setembro marcou o início da estigmatização dos muçulmanos'

© Sputnik / Natalia Seliverstova / Acessar o banco de imagensUma mulher vestindo niqab em Casablanca, Marrocos (foto de arquivo)
Uma mulher vestindo niqab em Casablanca, Marrocos (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Há 17 anos, a destruição das Torres Gêmeas em Nova York (EUA) mudou a vida de todos os muçulmanos do mundo, que passaram a ser estigmatizados como terroristas. Contra o preconceito e a desinformação, uma importante iniciativa dá mais um passo no Brasil em nome da paz nesta terça-feira.

A partir das 17h no Rio de Janeiro, o projeto Words Heal The World promove o evento Diálogos pela Paz, reunindo representantes do islamismo, do judaísmo e de religiões afro-brasileiras, três das quais são os maiores alvos de informações falsas e discursos de ódio.

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Em entrevista à Sputnik Brasil, a jornalista Beatriz Buarque – fundadora do projeto – destacou que a organização tem os jovens como principais atores e alvos no combate às fake news que agravam o ciclo do ódio religioso. Para ela, o extremismo só pode ser vencido com a desconstrução de inverdades a disseminação de mensagens de paz.

"Hoje grupos neonazistas divulgam mensagens negando o Holocausto e isso circula livremente, sem falar nas mensagens do jihadismo, do [Daesh], da Al-Qaeda [organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários países], essas coisas. Só quebramos esse ciclo [de ódio] se mostrarmos que são mensagens mentirosas, e disseminarmos discursos de paz. Se não falarmos, a gente é conivente […]. Já passou da hora", afirmou.

Na sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o debate receberá o vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Ali Hussein El Zoghbi, o co-fundador da Frente Inter-religiosa Don Evaristo Arns, Sérgio Storch, que falará sobre o judaísmo, e o publicitário e designer, estudioso de religiões afro-brasileiras Fábio Seabra.

À Sputnik Brasil, El Zoghbi elogiou a iniciativa do projeto para debater o que ele chamou de "falta de responsabilidade" no uso de termos ligados ao islã, incluindo um dos termos atribuídos ao Daesh pela mídia, algo que contribui para a estigmatização e preconceito contra a comunidade islâmica.

"Acho que um dos eixos que temos de trabalhar é o de levar conhecimento a respeito de diversos temas, algo que afugenta preconceitos e qualquer tipo de visão que leve à violência ou à agressão física e verbal em uma sociedade tão polarizada que vivemos hoje", pontuou a liderança muçulmana.

Questionada sobre o evento no Rio ter sido marcado justamente em um 11 de setembro, Beatriz Buarque revelou que tratou-se de uma coincidência, mas que acabou sendo bastante simbólica, já que o atentado ocorrido em 2001 nos EUA marcou o início da chamada "Guerra ao Terror", algo que marcou profundamente a comunidade muçulmana mundial.

"Foi quando começou o problema, o preconceito aumentou muito, vieram a Al-Qaeda, o [Daesh], e começaram a se multiplicar movimentos neonazistas. O próprio discurso jihadista alimenta a extrema direita, que se apropria disso. É um ciclo que só vem crescendo desde o 11 de Setembro, então acabou sendo relevante cair nesta data", comentou.

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O vice-presidente da Fambras também destacou que iniciativas como a do projeto Words Heal The World são fundamentais para uma comunidade que, se antes era composta de muçulmanos que vinham do Líbano e da Síria no século passado, agora cresce em todas as classes sociais no Brasil. Ele relembrou que até mesmo o símbolo máximo do cristianismo, o papa Francisco, já definiu o islamismo como "a religião de paz".

"[A violência] não é só uma questão do islã. Vivemos em um Estado laico de direito e a percepção que tenho é de que cada vez mais a liberdade religiosa fica bastante restrita às minorias religiosas […]. Encontros como esse permitem reafirmar a quinta essência da compaixão, da misericórdia, procurando reduzir o atrito de ordem ideológica", acrescentou.

O evento é aberto ao público, mas quem não puder comparecer poderá acompanhar os debates pela internet na página do Words Heal The World.

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