Na época de hoje, os bens do século XXI, como a Internet móvel e toda uma série de redes socais para qualquer gosto, passam a produzir seus próprios "efeitos colaterais". Ao contrário, quando mal entraram na nossa vida, pareciam gerar só benefícios.
Outra manifestação dessas tendências corresponde a diferentes comunidades e bots que pretendem envolver pessoas, principalmente menores, em suas atividades com os mesmos objetivos, mas que muitas vezes perdem completamente o controle. Primeiramente, trata-se dos jogos "Baleia Azul" e "Momo", que hoje em dia é viral na web apesar de todos os alertas.
Proteger as crianças
A Sputnik Brasil falou com a especialista em assuntos ligados a negócios virtuais, diretora do Google Rússia encarregada pelas relações com órgãos governamentais, Marina Zhunich, nas margens do Fórum Econômico do Oriente 2018, que está decorrendo na cidade russa de Vladivostok entre 11 e 13 de setembro. Ao discutir o respectivo tema, ela observou que, na maioria das vezes, a responsabilidade por ignorar as agressões no ciberespaço cabe aos familiares.
"Os mecanismos existem e foram elaborados, mas precisam ser ensinados. Por que as crianças que começam sua viagem pela web desde […] a creche? Desde os 6 ou 8 anos […] Embora as redes sociais recomendem e, em geral, não deixem que menores de 13 anos criem contas, nós não temos oportunidade de confirmar se a informação indicada é verdadeira ou não", disse.
Segundo afirmou a especialista, é pouco provável que as crianças assumem iniciativa de se familiarizar com as regras de segurança virtual. Nesse caso, não terão conhecimento de como lidar com ciberbullying ou conteúdo desagradável, ofensivo ou extremista.
Acabei de falar com Marina Zhunich, diretora para relações com órgãos governamentais da Google Rússia, sobre a alegada espionagem da empresa e ameaça apresentada pela Internet para as crianças. Confiram entrevista em breve #EEF2018 #Vladivostok pic.twitter.com/STsSHKQlms
— Ekaterina_Nenakhova_SputnikBR (@ESputnikbr) 12 de setembro de 2018
"É um trabalho dos pais. Por isso, por exemplo, uma brecha tecnológica que existe […] entre os filhos e os pais, quando as crianças mais provavelmente se queixariam para… Saiba, até conduzimos uma pesquisa, e lá houve até respostas que uma pessoa melhor se queixaria ao presidente, escreveria uma carta para ele, do que ir e contar aos pais. Porque ele [filho ou filha] considera os países como dinossauros absolutos. Claro que agora está começando a melhorar um pouco […] Mas de qualquer modo, o abismo é muito grande", sublinhou Marina Zhunich.
"Proibir tudo, fechar tudo não resolve, porque ao mesmo tempo vão fechar todos os recursos positivos. Aliás, fechar recursos completos é quase impossível, enquanto fechar toda a web em geral significa privar os filhos da vantagem, oportunidade de concorrência com pessoas da mesma idade em outros países, pois o ensino on-line proporciona oportunidades inéditas", advertiu.
De acordo com Marina Zhunich, o certo seria explicar, mostrar os respectivos instrumentos que se pode usar em citados casos, dado que todas as redes sociais há muito tempo possuem ferramentas de bloqueio de conteúdo abusivo.
Big Brother está te vigiando?
Aliás, um dos debates acalorados em torno da web, no que diz respeito ao próprio Google, trata-se da alegada espionagem da empresa. Notícias que surgem na mídia relatam instrumentos e mecanismos da companhia para monitorar quase tudo que você faz — desde suas deslocações ao longo do dia a seus gostos e buscas. Será que é assim mesmo?
"O Google foi uma das primeiras empresas a elaborar ferramentas para um usuário controlar seu próprio conteúdo. Ou seja, o usuário controla aquilo que posta, quero dizer com instrumentos do Google, ele pode [modificar] as definições de acesso, pode eliminar o conteúdo, pode transferi-los para outras plataformas e ver, em qualquer momento, o que o Google sabe sobre ele", refutou Marina Zhunich.
Assim, enfatizou, qualquer um, caso saiba como, pode descobrir que informações exatas e em qual volume a empresa guarda sobre ele ou ela.
"Por isso tais definições foram elaboradas para reduzir esta paranoia, mas, friso, é uma questão de conhecimento dos usuários, como em geral eles leem as regras do usuário, como eles aumentam sua alfabetização tecnológica", explicou, acrescentando que muitas pessoas não sabem nada sobre os modos de proteger seus dados.
"Por exemplo, as funções de geotargeting são muito cômodas. Por exemplo, estou a 6.500 quilômetros de distância da minha filha agora. Ontem, estava monitorando ela indo para aulas complementares, usando uma ferramenta que instalei no celular com conhecimento e aprovação dela", contou. "Isso é muito bom e reduz muito a preocupação. […] Isso é protegido dos outros usuários, pois regulamos as definições desse jeito, e isto é inédito."
Porém, avisou a especialista, "seria uma ignorância" abusar o geotargeting ou, por exemplo, abrir o acesso para todos para depois enfrentar as consequências negativas.