América Latina é culpada pela 'febre de cocaína' que está afetando Europa?

© AP Photo / Juan KaritaCocaína em La Paz, Bolivia (arquivo)
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A segunda droga proibida mais popular na França, a cocaína, está ganhando cada vez mais popularidade entre os cidadãos, enquanto a polícia apreende lotes cada vez maiores dessa substância. A Sputnik efetuou uma investigação para conhecer mais sobre essa nova "febre" que parece estar afetando o país europeu.

Nelson (nome do herói foi mudado), especialista em publicidade de 30 anos, tem usado o pó branco desde o ano de 2013. Em uma entrevista a um correspondente da Sputnik França ele confessa que, com cada ano, conseguir o narcótico na França é cada vez mais fácil: "Hoje em dia, a coca a gente consegue de mesma forma facilmente que o haxixe."

Volumes recordes

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Um relatório apresentado pelo Serviço de Informações, Documentação e Análise Estratégica de Crime Organizado junto à Direção Central da Polícia Judicial da França (SIRASCO) aponta que no ano de 2017 todos os recordes foram batidos: em apenas um ano, os policiais confiscaram 17 toneladas de cocaína, o que é 105% mais que no ano de 2016.

Assim, conta o membro do sindicato policial Alliance, David-Olivier Reverdy, a procura do narcótico está constantemente aumentando:

"A apreensão de um grande volume de cocaína sem precedentes significa a intensificação do tráfico desta droga. Os policiais apreendem lotes cada vez maiores, pois cada vez mais cocaína chega da América Latina à Europa. Isso quer dizer que o consumo cresceu. Bem como em qualquer outro mercado, aqui funciona a lei da oferta e da procura".

Segundo os dados do Observatório Francês de Drogas e Toxicodependências, 2,2 milhões de franceses consomem cocaína. Já 450 mil a usam com regularidade.

"Hoje em dia, no que se trata do seu volume, o tráfico de maconha é de maior envergadura e afeta um maior número de consumidores. Entretanto, julgando pelo volume de lotes apreendidos pela polícia, pelo serviço alfandegário e gendarmaria, o tráfico de cocaína também é um fenômeno de grande envergadura ", diz David-Olivier Reverdy.

Por que isso acontece?

A democratização do uso de cocaína tem várias razões. A principal razão consiste na queda do preço. Se alguns anos atrás um grama de cocaína custava várias centenas de euros, hoje em dia custa cerca de 65 euros.

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"Anteriormente, a cocaína era, digamos, uma droga 'de balada'. Era consumida por certas camadas de população, em volumes restritos e em uma companhia pequena. Hoje em dia, fica evidente uma verdadeira democratização do consumo de cocaína. Os preços dela caíram muito", adianta o policial.

Durante muito tempo, a cocaína só era popular entre as pessoas da indústria de entretenimento e clientes ricos. Agora, é comprada tanto por banqueiros quanto por filhos de trabalhadores.

"Em 2013 eu comecei a usar cocaína de vez em quando e eu vi como a situação mudou. Cada vez mais pessoas 'cheiram', digamos. Entre os meus amigos isso ficou normal, encomendar um grama de cocaína na sexta para curtir o finde", conta Nelson.

O aumento no consumo da droga também está relacionado com a facilidade de como é comprada. Recentemente, apareceu até algo parecido com redes de lojas com estafetas que podem lhe trazer cocaína para casa de mesma forma que uma pizza, frisa-se no relatório da SIRASCO.

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Nelson conta que, para encomendar a droga, ele e seus amigos usam os aplicativos de mensagens como o WhatsApp, usando uma "língua" secreta. Por exemplo, para chamar um grama, eles escrevem "Pode vir para este endereço junto com Carolina?". Já para dois gramas, se usa "Carolina e Cynthia".

Além disso, a polícia frisa que a cocaína não apenas cai no preço, mas cresce em pureza. Em comparação com o ano de 2011, a pureza média da droga vendida aumentou 51%.

Riscos e desafios

Tal grande consumo de cocaína apenas aumenta os riscos para a saúde dos consumidores. De acordo com a edição L'Express que cita os dados da polícia de Paris, cada ano 25 pessoas morrem na cidade por intoxicação com essa droga.

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Nelson, por sua vez, conta que a droga provoca euforia, fazendo a pessoa sentir omnipotência e, ao mesmo tempo, ilusão de ter pleno controle de si, o que diferencia a cocaína de outras substâncias e leva algumas pessoas a usá-la em qualquer situação:

"O grande problema de ‘coca' é que seu uso pode se tornar descontrolado muito rápido. Normalmente, o ecstasy e ouras drogas são usadas em um determinado ambiente, que muitas vezes está ligado à música eletrônica, por exemplo, ao Techno. No que se trata da cocaína, uma pessoa logo começa a consumi-la em um banheiro no trabalho no dia seguinte após uma festa, para acordar, ou em um restaurante onde está almoçando com sua namorada, só porque se cansou", adverte ele.

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