A medida, contudo, pode sufocar o setor, já que os recursos da aviação comercial respondem pela maior parte do faturamento da ex-estatal brasileira. Em 2016, a divisão de aviação comercial e executiva representou 85% do lucro líquido de R$ 21,43 bilhões da Embraer.
Para Hebert Claros, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e funcionário da empresa, a venda da Embraer representa um "ataque à soberania nacional".
"Nós não estamos tratando de qualquer empresa, a Embraer não fabrica qualquer tipo de produto. Ela fabrica aviões, é um produto de alto valor agregado, de alto valor tecnológico e estratégico para um país, nenhum outro país da América Latina faz aviões como a Embraer. Nós achamos que deixar uma empresa desse tamanho na mão dos americanos é perigoso para a soberania do próprio país", disse o diretor.
Outro ponto levantado pelo diretor do sindicato é que a Embraer ficaria totalmente refém dos rumos da política externa dos Estados Unidos.
"A Boeing tem total controle sobre o conselho administrativo. A Embraer só teria poder de voz, nem poder de voto ela teria. Nossa preocupação é que se amanhã, em uma possível guerra comercial, a Boeing achar que não vale mais a pena investir no Brasil, ela simplesmente pode escolher fechar a fábrica", explicou.
As demissões resultariam da transferência da produção de aeronaves para outros países. Hebert Claros estima que para cada emprego da Embraer são gerados de 7 a 9 empregos indiretos.
"Fica mais claro o que o sindicato tem alertado, de que não é uma joint venture, é uma entrega da Embraer. O sindicato vai encaminhar como proposta para os trabalhadores a mobilização direta para defender os empregos", completou.
O Governo Federal detém a chamada "Golden Share", ou ação de classe especial. Com ela, o Palácio do Planalto pode vetar alterações na Embraer em sete casos, como transferência do controle acionário e possíveis negócios que comprometam os programas militares do Brasil.