A descriminalização do aborto é um tema polêmico em diversos países, incluindo o Brasil. Aqui uma mulher morre a cada dois dias vítima de abortos inseguros. O Brasil está entre os países com legislações mais restritiva ao aborto no mundo, juntamente com a maioria das nações da América Latina, Caribe, África e Oriente Médio.
No Caribe e América do Sul, apenas Cuba, Guiana Francesa, Guiana, Porto Rico e Uruguai permitem a interrupção da gestação amplamente.
Aqui, o aborto só é legal em casos de estupro, de risco de vida da mulher e de gravidez de fetos anencéfalos, sem cérebro, nesse último caso, a deliberação coube ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, a proibição além de não reduzir o número de abortos, acaba aumentando os procedimentos inseguros. Globalmente, mais de 25 milhões de abortos inseguros (45% do total) ocorrem anualmente. A maioria é realizada em países em desenvolvimento na África, Ásia e América Latina.
"As mulheres que tem dinheiro, fazem [abortos]. O problema somos nós, mulheres trabalhadoras, negras, de periferia, que não temos condição de fazer esse aborto pagando", afirmou à Sputnik Brasil Celina Arêas, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
Arêas também ressaltou que apesar das mulheres serem a maioria da população brasileira, elas são "invisíveis".
"Isso não é uma questão religiosa, é uma questão de saúde, de emancipação da mulher trabalhadora. Para que ela possa definir o que é melhor para ela."
Segundo a Pesquisa Nacional de Aborto, do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, 78% das mulheres que decidem pela interrupção da gestação já possuem filhos e 65% delas são casadas ou estão em relacionamentos estáveis.