Somente nos nove meses deste ano, a Índia atraiu US$ 40,6 bilhões (R$ 155,7 bilhões) contra os US$ 41,6 bilhões (R$ 159,6 bilhões) na China. Especialistas explicam isso dizendo que o mercando chinês já está saturado, enquanto o mercado indiano encontra-se em uma fase de rápido crescimento. Será que isso significa que a Índia pode substituir a China e se tornar o novo impulsionador do crescimento econômico global?
Há uma certa lógica nisso: a economia da China é cinco vezes maior do que a da Índia. Além disso, uma classe média está se formando rapidamente na China, o que significa que o nível de consumo está aumentando. Este é o indicador mais importante para os investidores na avaliação das perspectivas do mercado. E embora o PIB da Índia esteja crescendo rapidamente, a economia chinesa está em um nível diferente de desenvolvimento, segundo explicou à Sputnik China o professor da Universidade de Deli, Ravni Thakur.
No entanto, a Índia fez um grande avanço neste ano: o nível de investimentos estrangeiros no país aumento 64%. O analista econômico, Aleksei Kuprianov, relatou à Sputnik China que o crescimento da atratividade dos investimentos na Índia está associado a uma política econômica bem-sucedida no país.
"O rápido crescimento dos investimentos na Índia é o resultado da política do primeiro-ministro Narendra Modi, que tem o objetivo de atrair fundos do exterior para patrocinar um avanço econômico no âmbito da estratégia 'Melhor Índia 2022'. Esta é uma tendência que persistirá pelo menos por vários anos", prevê Kuprianov.
As reformas de Narendra Modi visam principalmente melhorar a esfera econômica e social. Em 2009, introduziu o sistema de identificação dos moradores do país: os cidadãos receberam um número de identificação único. Além disso, em 2016 foi levada a cabo a desmonetização: como resultado dessa reforma, 85% de todo o dinheiro foi apreendido. Por um lado, como muitos economistas acreditam, a reforma visa combater o setor da economia sombra e o crime organizado, que prefere usar cédulas de valores elevados. Por outro lado, a transição para um sistema de pagamentos por transferência bancária possibilita tornar todas as transações mais transparentes.
"Naturalmente, as sanções dos EUA e a guerra comercial não beneficiam a China no curto prazo. Mas isso forçará a China a reestruturar sua economia e torná-la mais competitiva no longo prazo", concluiu o professor.
Além disso, o crescimento indiano, em muitos aspectos, dependerá de como se desenvolverá a cooperação com a China, observou Kupriyanov.
Atualmente a China está investindo ativamente na Índia, principalmente depois que o país realizou a desmonetização e começou a adotar os pagamentos por transferência bancária. A China criou o maior sistema de pagamento móvel do mundo, o volume de mercado no ano passado atingiu US$ 18 trilhões (R$ 69 trilhões). As startups tecnológicas forneceram 5 a 7 anos atrás uma parcela significativa do crescimento da economia chinesa. Aparentemente, no momento um modelo similar está se desenvolvendo na Índia. Se a tendência continuar, o país beneficiará da experiência e do dinheiro chinês.