Os números das pesquisas de intenção de voto erraram diversos resultados em várias regiões do país. Exemplos não faltaram: em Minas Gerais, Dilma ficou fora do Senado registrando 15,17% com 97% das urnas apuradas. Ela liderava a disputa, mas foi ultrapassada pelo líder Rodrigo Pacheco (20,6%) e Carlos Viana (20,29%), ambos com perfil conservador. Fernando Pimentel (PT), que tentava a reeleição em Minas, também está fora do 2º turno que surpreendentemente contará com Romeu Zema do Novo, registrando uma diferença de 21 pontos em relação às pesquisas e chegando a 43,05%. Antônio Anastasia vem logo atrás, com 29,04%.
Tantos números confirmam uma forte guinada à direita em todos os âmbitos de poder no país.
"O eleitorado brasileiro demonstrou que o referencial dele é um imaginário carente de acúmulo político, pegando carona em um discurso de mudança que se solidifica com o vocabulário de Jair Bolsonaro. Isso pode parecer positivo do ponto de vista de mudança, mas denuncia a opção por candidatos que incorporam o perfil mais caricato possível. Mostra uma população com orientação conservadora, mas um conservadorismo muito mais moral que econômico", analisa.
Para a cientista política, os números denotam que o brasileiro optou por algo que ela analisa faltar em Dilma ou Temer: carisma. "Esse eleitor foi ganho por figuras esdrúxulas".
Risco de golpe?
"Pra mim, o Brasil está sob grave risco de um segundo golpe, desta vez não por articulação parlamentar, mas por meio de uma ação com estética militar à semelhança de 1964. O país que emerge hoje pelo voto é muito semelhante ao 18 de Brumário de Luís Bonaparte mencionado por Karl Marx: próximo de ser governado por uma figura caricata e sem conteúdo político", afirma.
Com o prospecto do segundo turno, a professora acredita que Haddad dificilmente conseguiria garantir uma agenda progressista. "O que nos restará vai ser manter a articulação, garantir o direito de reunião, de livre pensamento e seguir na luta", completa.