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'A partir de agora, tudo depende de Haddad e não de Bolsonaro', opina brasilianista

© REUTERS / Ricardo MoraesFernando Haddad, candidato à Presidência do Brasil, discursa durante um comício no Rio de Janeiro, em 1 de outubro de 2018
Fernando Haddad, candidato à Presidência do Brasil, discursa durante um comício no Rio de Janeiro, em 1 de outubro de 2018 - Sputnik Brasil
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Como Haddad tentará atrair os votos necessários para acabar na presidência? Será que Bolsonaro vai conseguir manter seu número de eleitores? O resultado do pleito de ontem levanta essas e muitas outras questões.

O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, conseguiu ontem (7) recolher 46% dos votos do eleitorado, segundo informam os dados de 99% das urnas apuradas. Embora o número seja um pouco maior que o prognosticado nas vésperas pelas pesquisas, ficou bem correspondente ao esperado, disse à Sputnik Brasil a brasilianista e especialista em assuntos latino-americanos, professora titular da Universidade de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), Lyudmila Okuneva.

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Já o seu antagonista e representante do PT, Fernando Haddad, acabou levando um pouco mais de 29%, o que também supera os números projetados nas vésperas do pleito.
Agora, em um contexto em que duas forças completamente polarizadas irão se confrontar no segundo turno, cada um dos candidatos precisa tanto manter seu eleitorado quanto atrair um novo. De acordo com Lyudmila Okuneva, no caso de Haddad a estratégia provavelmente se focará na cooperação com os políticos de centro-esquerda e centro-direita.

"Agora, no segundo turno, ele [Haddad] trabalhará claramente junto com as forças do centro com o objetivo de atrair seus votos. Mas nós vemos que a porcentagem destes votos é catastroficamente baixa. Mesmo caso ele consiga algum acordo com os centristas, não se sabe se conseguirá atingir [os números necessários para a eleição]", observa a interlocutora da Sputnik sublinhando, porém, que seria uma tarefa difícil, pois todos os candidatos de centro criticam o PT.

Ao mesmo tempo, frisa a brasilianista, se deve tomar em consideração que, segundo as pesquisas, nem todos os apoiantes de Bolsonaro costumam ser simpatizantes da política dele, mas são de fato antipetistas, o que, evidentemente, dificultará a desejável transferência dos votos para seu adversário.

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No que se trata da eventual estratégia de Bolsonaro no segundo turno, Lyudmila Okuneva duvida que este coopere com os candidatos derrubados — pois muitos deles, inclusive Ciro Gomes, Marina Silva e Geraldo Alckmin, se opõem expressamente ao número 17.

"Acho que ele tentará aumentar os votos necessários graças ao antipetismo, já que lhe falta pouco, alguns cinco por cento. Mas também precisa manter os 46% ganhos", argumenta a entrevistada. Isso, segundo ela, dependerá em primeiro lugar da maneira de Haddad travar sua campanha no período entre os dois turnos.

"A partir de agora, tudo depende de Haddad e não de Bolsonaro. Daquilo como ele conseguirá realizar uma política refinada. Esses serão os momentos mais dramáticos, os do segundo turno. Há imprevisibilidade. Por um lado, é previsível, pois temos porcentagens e conhecemos os líderes. Por outro lado, podem acontecer reviravoltas imprevisíveis. Isso já aconteceu no Brasil — no caso de Lula no segundo turno, quando ele chegou ao poder [em 2002] e realizou uma manobra completamente inédita, ganhando mais de 60% dos votos", relembra a brasilianista.

Aliás, a especialista opinou que para o petista provavelmente seria melhor se afastar mais da figura do ex-presidente preso, pois a posição "Haddad é Lula" no segundo turno pode jogar contra ele.

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