Durante o evento no Clube de Engenharia, Haddad subiu o tom contra o candidato do PSL, Jair Bolsonaro (PSL), reafirmando que tem sofrido ataques à sua honra e que o projeto de desenvolvimento do Brasil foi interrompido por um golpe. Ele se referiu a Bolsonaro como "despreparado e omisso", criticou a ausência do candidato em debates e comentou as denúncias de abuso de poder econômico que podem envolver a campanha do candidato do PSL em um esquema massivo de divulgação de notícias contra o PT dentro do WhatsApp.
"Como ele não fez nada a vida inteira, ele é obrigado a atacar com calúnias", disse Fernando Haddad sobre Jair Bolsonaro.
Haddad criticou Bolsonaro por criar uma imagem próxima ao regime militar, com o qual, afirmou, ele compartilha apenas a violência.
"A única herança que ele [Bolsonaro] tem do regime militar é a truculência com quem pensa diferente", disse. Ele também afirmou que Bolsonaro é entreguista e que mesmo os militares tinham traços liberalizantes, os quais o candidato do PSL, segundo Haddad, abre mão.
O ex-prefeito de São Paulo também criticou o fato de Bolsonaro não estar indo a debates e o acusou de não discutir ideias. Ele afirmou que Bolsonaro tem "um projeto covarde que não se apresenta" e que capitão reformado do Exército seria um presidente "despreparado e omisso".
"Estamos desconstituindo direitos a ponto de esse processo de desconstrução remontar aos anos 1950", disse Haddad sobre as propostas de Bolsonaro e as reformas aplicadas pelo presidente Michel Temer.
Denúncia de caixa 2 de Bolsonaro e "Justiça analógica"
O candidato Fernando Haddad não deixou de comentar as denúncias sobre um possível esquema de abuso de poder econômico envolvendo a campanha de Jair Bolsonaro (PSL). A denúncia foi publicada na quinta-feira (18) pelo jornal Folha de São Paulo e movimentou a campanha e o noticiário nacional.
O ex-ministro da Educação falou novamente da necessidade de uma mídia plural, afirmando que o Brasil é refém da opinião de poucas famílias donas dos principais meios de comunicação.
Aproveitando o gancho, ele criticou a cobertura feita pelo Jornal Nacional das denúncias da Folha de São Paulo, afirmando que o principal telejornal da Rede Globo o teria feito parecer o autor das denúncias.
Haddad também afirmou que a Justiça precisa mudar a abordagem para acompanhar a velocidade de questões virtuais como as denunciadas.
"A Justiça é analógica para lidar com problemas virtuais. Uma ação ilegal assim pode impedir a trajetória de reversão dos votos. Se tomarem providências podem diminuir o desequilíbrio", disse Haddad.
O candidato do PT à Presidência também falou sobre a ausência de Bolsonaro nos debates presidenciais de segundo turno. Ele rebateu um jornalista que comparou a situação atual com eleições passadas e lembrou que essa seria a primeira vez que um candidato falta a todos os debates do segundo turno.
Fernando Haddad reafirmou que se dispõe a debater com Bolsonaro, inclusive em uma enfermaria, e disse que o candidato já foi liberado pelos médicos que acompanham o deputado federal desde seu esfaqueamento durante ato de campanha no dia 6.
"Para a Bandeirantes, Record, SBT e Globo, fica aqui esta proposição: abre o microfone para quem for, e quem não for fica com a cadeira vazia", afirmou o petista.
Soberania Nacional e política de educação foram exigidas
Sentaram-se à mesa com Fernando Haddad, além de sua esposa, Ana Estela Haddad, o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Felipe Coutinho, o reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Reinaldo Centoducatte, o vice-presidente do Clube de Engenharia, Sebastião Soares, além do reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Jefferson Azevedo.
Reinaldo alertou o público e o candidato de que sua Universidade estaria com apenas 20% do orçamento que tinha em 2014.
Felipe Coutinho usou sua fala para defender o desenvolvimento do país com soberania. "Não abrimos mao do compromisso com a verdade e do desenvolvimento soberano do Brasil", disse.
Estavam também no palco as deputadas federais Jandira Feghali e Benedita da Silva. Entre os presentes, estavam o ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, e o reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Roberto Leher.