O sociólogo e editor Haroldo Ceravolo identificou 120 ataques, incluindo 4 assassinatos, em seu mapa de violência política desde o início de outubro. Os casos incluem vandalismo político, como vários relatos de suásticas pintados em prédios.
O mapeamento "mostra uma situação muito ruim, um repertório muito grande de atos violentos, seja simbólico ou real, físico, ocorrendo em todo o país e relacionado ao discurso do ódio de Bolsonaro", disse ele à Agência AFP.
Líder das pesquisas de intenção de voto desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi considerado inelegível, em setembro, Bolsonaro é o favorito para ganhar as eleições presidenciais de 28 de outubro.
Advogados de direitos humanos em São Paulo lançaram um site na sexta-feira, no qual as vítimas podem denunciar ataques e receber apoio legal e psicológico.
"Podemos levar esses casos para fóruns internacionais, especialmente a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que já expressou preocupação com o que está acontecendo no Brasil", disse Renan Quinalha, professor de direito e ex-funcionário da comissão de inquérito estadual sobre a ditadura militar.
Enquanto isso, o grupo de liberdade de informação Open Knowledge entrou com informações sobre cerca de 60 ataques contra pessoas em um banco de dados chamado Vítimas da Intolerância.
A esmagadora maioria aponta para os culpados que explicitamente ligam seu apoio a Bolsonaro aos seus atos.
Ambos os bancos de dados usam relatórios de mídia como sua principal fonte e não verificam os casos de forma independente. Mas eles dizem que os resultados indicam uma tendência preocupante na sociedade.
"Nós não estamos vivendo a festa da democracia, como os brasileiros gostam de dizer. Estamos vivendo quase barbárie", disse Eduardo Cuducos, que dirige o banco de dados Vítimas da Intolerância.
As últimas pesquisas sugerem que Bolsonaro tem 59% de apoio eleitoral, contra 41% de seu rival esquerdista Fernando Haddad.
O país sentiria os efeitos além da votação, afirmou o advogado de direitos humanos Quinalha.
"Isso é algo que tende a continuar, uma polarização que está acontecendo no Brasil hoje com extrema violência e não terminará depois de 28 de outubro, porque essa cultura de violência, de violência naturalizada que prevalece deixará raízes muito profundas", acrescentou.