Para Sergei Oznobischev, diretor do Instituto de Avaliação Estratégica (Moscou), a medida era de esperar e tem uma explicação lógica.
"Isso era de esperar pois nossos analistas notavam há já muito tempo que o Congresso estabeleceu duras condições para a retirada do Tratado INF, estabeleceu um prazo. Agora, é importante que Trump o confirme levando em conta as eleições de meio de mandato [….] No jogo de política interna, Trump precisa assegurar […] posições fortes nas futuras eleições para si e para seu partido [Partido Republicano] no Congresso. Tudo isto vai nesse sentido", explicou o especialista.
Há que esperar uma posição dura quanto ao assunto por parte do Ministério da Defesa e das autoridades russas, disse. Mas, acrescenta, Moscou hoje em dia tenta sempre resolver os problemas com os EUA.
O presidente do centro analítico italiano Vision&Global, Graziani Tiberio, também relaciona o passo tomado por Trump com as próximas eleições.
"É preciso levar em consideração o fato de Trump decidir lançar sua ameaça nas última semanas da campanha eleitoral antes das eleições de meio de mandato para o Congresso americano. Além de enviar um sinal à Rússia, o presidente dos EUA, muito provavelmente, pensou também no seu eleitorado", afirmou o cientista político.
No entanto, além das eleições à vista, Tiberio vê o anúncio do líder americano como parte de uma estratégia estadunidense de minar a estabilidade global.
"O recente anúncio de Trump sobre a intenção de sair do tratado com a Rússia corresponde completamente à estratégia americana de minar a estabilidade internacional. Vale destacar que este equilíbrio já é instável, pois estamos no meio da passagem geopolítica para um mundo multipolar ", disse especialista.
"Mas tenho a plena certeza que isso afetará economicamente o setor político-militar dos EUA e suas cadeias de fornecedores", concluiu.
Nos últimos anos, as duas potências têm se acusado mutuamente de violar o Tratado INF. O Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário foi firmado em 8 de dezembro de 1987 durante a visita do líder soviético Mikhail Gorbachev a Washington.