Washington está à beira de abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado em 1987 em plena Guerra Fria. Falando a repórteres no gramado sul da Casa Branca na segunda-feira, Trump reclamou que Moscou "não fez o suficiente" para cumprir o tratado INF. Ele também disse que a China deveria fazer parte do Tratado.
O especialista chinês Jiang Dongliu, do Instituto Charhar, explicou o que realmente está por trás dessa intenção do presidente estadunidense.
"Trump quer apresentar a proposta sobre um Tratado INF trilateral entre Rússia, China e EUA. O tratado atual impõe restrições aos EUA, privando-os da possibilidade de posicionar mísseis de médio alcance na parte ocidental do oceano Pacífico, privando-os da superioridade perante a China, que não tem responsabilidades no âmbito do acordo", acredita o especialista.
Entretanto, o cientista confirmou que a China possui vários milhares de mísseis de curto alcance, no entanto, eles perseguem principalmente objetivos de defesa, pois sua missão principal é proteger os interesses vitais da China.
"Se a China se juntasse ao Tratado INF […] 95% dos mísseis chineses violariam esse acordo, portanto a China não vai fazê-lo", sublinhou.
Ao mesmo tempo, Dongliu enfatizou que se, após a saída do Tratado INF, os EUA quiserem privar os mísseis chineses de sua vantagem nessa parte do oceano Pacífico, eles só o conseguirão fazer instalando seus mísseis em países aliados perto das fronteiras do gigante asiático.
Por esta razão, opina o especialista, a China deve avisar abertamente todos os países que estão prontos a instalar mísseis norte-americanos em seu território. Pois se os EUA atacarem desde aí, esses países serão afetados por um ataque de resposta terrível por parte da China.
Datado de 1987, o Tratado INF previa a eliminação de mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujo alcance correspondesse a intervalos entre 500 e 5.500 quilômetros.