Em entrevista à Sputnik Brasil, Antônio Marcelo Jackson, cientista político da UFOP — Universidade Federal de Ouro Preto, atribui essa taxa a "falta de informação" sobre as propostas dos candidatos poe não ter ocorrido nenhum debate entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) durante o segundo turno.
"Vamos pensar em um eleitor de centro, que acaba caindo hora para um lado, hora para outro. Esse eleitor está interessado em principalmente ouvir alguma coisa a partir do enfrentamento entre os candidatos. Na medida que isso não acontece e parte da imprensa também se recusou a entrevistar o candidato do PT então esse eleitor está desinformado, e se ele está desinformado qual o interesse que ele vai ter em escolher alguma coisa? Ele acaba ficando refém dessa desinformação", disse.
Já o percentual de votos nulos no segundo turno das eleições presidenciais de 2018 chegou a 7,4%, o maior registrado desde 1989, totalizando 8,6 milhões. Foi um aumento de 60% em relação ao 2º turno da última eleição presidencial, em 2014, quando 4,6% dos votos foram anulados.
Antônio Marcelo Jackson chama atenção para a região onde estão concentrados a maioria dos eleitores que decidiram não escolher nenhum dos candidatos nessas eleições.
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Já para o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-RJ, o alto índice de abstenção pode ser atribuído a duas razões. Uma delas seria o envelhecimento da população.
"A população brasileira está envelhecendo e está aumentando o número de pessoas que o voto é facultativo, são as pessoas acima de 60 anos", disse.
Outro motivo, segundo Ricardo Ismael, seria o desinteresse da população nos dois candidatos que foram ao segundo turno.
"Em algumas situações também, não estando o candidato que a pessoa deseja no segundo turno, ela se desinteressa e prefere pagar a multa porque não está apoiando nenhum dos dois", comentou.Em 1994, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso foi eleito no primeiro turno, a abstenção chegou a 29,3% do eleitorado. Na eleição seguinte, o índice caiu para 21,5% do total de eleitores aptos a votar.
A partir das eleições de 2002, a taxa de abstenção ficou abaixo de 20%. Em 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrotou o tucano José Serra, no segundo turno, os não votantes foram 17,7% dos eleitores.
Na reeleição de Lula, em 2006, foi registrado o menor índice do período: 16,8% do eleitorado. Na primeira eleição da petista Dilma Rousseff, a taxa de abstenção ficou em 18,1%. Na reeleição da petista, chegou a 19,4% do eleitorado.