Macron quer usar o cobiçado "exército europeu" para compartilhar o "lugar no Conselho de Segurança" e o "arsenal nuclear" francês com a vizinha Alemanha, disse Le Pen à Sputnik nesta quarta-feira.
Le Pen, que lidera o partido de direita National Rally (anteriormente conhecido como Frente Nacional) e foi a principal adversária de Macron na corrida presidencial do ano passado, opõe-se fortemente à sua ideia de estabelecer estruturas militares da União Europeia (UE).
"Para manter a paz, toda nação deve ter seu próprio exército nacional, mas não permitir que ele participe de ações militares conjuntas, se necessário", declarou.
A França pertence aos "Estados P5", 5 membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto. A Alemanha só pode ser eleita para fazer parte do conselho por um mandato de 2 anos como membro não permanente. Em 1990, prometeu não desenvolver ou manter suas próprias armas nucleares.
A ideia de criar um "verdadeiro exército europeu" foi anunciada pela Macron no início deste mês. O presidente disse que tal força militar é necessária para proteger os europeus da Rússia, China, "e até dos EUA".
Macron fez esses comentários nos dias que antecederam o 100º aniversário do fim da Primeira Guerra Mundial, e duas semanas depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sua decisão de retirar-se do marco do Tratado das Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF).
A abordagem de Macron recebeu o apoio da chanceler alemã, Angela Merkel. A UE deveria "trabalhar em uma visão" de estabelecer um verdadeiro exército europeu no futuro, afirmou, dirigindo-se aos membros do Parlamento Europeu em Estrasburgo.
A mesma visão, no entanto, rapidamente resultou em desentendimentos com o presidente Trump, que atacou Macron, dizendo que a França deveria contribuir mais para a OTAN do que promover a ideia de estabelecer uma nova força militar conjunta na Europa.
Marine Le Pen também acredita que criar um exército europeu seria uma má solução. "Um exército é um elemento da soberania da nação. A soberania europeia não existe. A Europa não é uma nação. Preferiria que fosse um espaço para a cooperação europeia", concluiu.