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8 meses sem resposta: Brasil mata Marielle mais 1 vez ao não desvendar crime, diz Anistia

© Pilar OlivaresProtesto pela memória de Marielle Franco.
Protesto pela memória de Marielle Franco. - Sputnik Brasil
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Passados 246 dias, a sociedade brasileira ainda aguarda por uma resposta para o assassinato bárbaro da vereadora Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, um crime que causou comoção e choque dentro e fora do país.

Nesta semana, a Anistia Internacional divulgou um levantamento reunindo informações veiculadas publicamente sobre o caso até o momento. O objetivo da iniciativa é apontar questões graves que não foram respondidas, possíveis incoerências e contradições no decorrer da investigação e questionar o posicionamento das autoridades competentes.

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Em entrevista à Sputnik Brasil, a coordenadora de pesquisa da Anistia Internacional no Brasil, Renata Neder, afirmou ver com preocupação a demora de uma resposta das autoridades, e que a ausência de um desfecho para o caso representa uma segunda morte de Marielle e Anderson.

"A injustiça ou a impunidade, a não responsabilização de quem matou Marielle e Anderson certamente é um fator de muita dor para as famílias. É como se fosse uma segunda morte. A impunidade, o fato do Estado não estar garantindo justiça é como se estivessem matando novamente Marielle e Anderson", avaliou.

Marielle e Anderson foram executados a tiros no dia 14 de março, no Estácio, no Rio de Janeiro, após a vereadora participar de um evento político-cultural, no centro da cidade. Quinta vereadora mais votada na capital fluminense, Marielle denunciava a violência policial em comunidades do Estado na ocasião de sua morte.

Tomando por base as informações que já foram tornadas públicas pela imprensa e por autoridades, o levantamento da Anistia traz as informações divididas em 5 categorias: disparos e munição; a arma do crime; os carros e aparelhos usados e as câmeras de segurança; procedimentos investigativos; e o andamento das investigações. Além das informações, cada bloco traz perguntas que as autoridades precisam responder.

Um dos pontos mais polêmicos envolve o fato das câmeras de segurança que cobrem o exato local do crime terem sido desligadas na véspera do assassinato de Marielle e Anderson. Além disso, há indicações de que agentes do Estado possam estar envolvidos tanto com o crime quanto com a obstrução das apurações, algo que a coordenadora da Anistia julga ser grave.

"Recentemente, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, veio a público para dizer que tinham recebido denúncias que um grupo organizado estava atuando para atrapalhar as investigações e que a Polícia Federal então iria investigar as investigações. Então a cada dia que passa, a cada informação que surge reforça a necessidade que exista um mecanismo externo e independente, formado por peritos, especialistas em investigação criminal, juristas que possam se debruçar sobre essas investigações e avaliar se elas estão acontecendo de maneira correta, ou se tem negligencias, influências externas indevidas ou se tem fraudes", ponderou Renata Neder.

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O avanço do tempo e a falta de respostas tendem a tornar a solução do caso cada vez mais improvável, reconhece a representante da Anistia, por isso a ideia do levantamento é manter a cobrança junto às autoridades – com ações até mesmo no exterior, como as recentes presenças em eventos da ONU em Nova York.

A organização não-governamental reforça ainda, em seu relatório sobre as mortes de Marielle e Anderson, que o Estado brasileiro precisa chegar aos autores do crime, sob pena de ver novos casos parecidos em um futuro não muito distante.

"Se não se identifica quem matou Marielle e Anderson, a gente não pode garantir a segurança das famílias e de outros defensores de direitos humanos no Rio de Janeiro. Então a justiça em casos de assassinatos de defensores de direitos humanos é importante também para segurança de seus familiares, de testemunhas e de outros defensores de direitos humanos. Porque, se quem fez isso não for responsabilizado, ele está aí à solta para fazer de novo", sentenciou a coordenadora da Anistia.

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