"Nós sabíamos que essa galáxia tinha três grandes satélites, mas no passado nós não encontrámos nenhuns indícios de que o buraco negro no seu centro interage com eles de alguma maneira. Nós até nem tentávamos buscar vestígios de ‘canibalismo'. Por isso, os primeiros dados e imagens do ALMA foram uma grande surpresa para nós", declarou Peter Eisenhardt do Laboratório de Movimento Reativo da NASA em Pasadena, EUA.
Peter Eisenhardt e seus colegas descobriram a galáxia W2246-0526 três anos atrás e classificaram-na como uma chamada galáxia infravermelha hiperluminosa, um dos objetos extremamente invulgares que existiam no Universo inicial, segundo a revista Science.
Os astrônomos chamam tais galáxias de "cachorros quentes", ou "hot dogs", por causa de um "casaco" de poeira quente ao seu redor (hot dust-obscured galaxy, hot DOG) que as esconde dos telescópios. No total, cientistas conseguiram descobrir cerca de 20 de tais objetos, medir sua luminosidade, massa e as caraterísticas dos buracos negros superpesados que existem nos seus centros.
Calculando a massa do buraco negro no centro da W2246-0526, os astrônomos não acreditaram no que viam: ele era mais pesado do que Sol pelo menos em três bilhões de vezes. É que nós vemos a galáxia no estado em que ela se encontrava uns 12 bilhões de anos atrás, 1,3 bilhões de anos depois da Grande Expansão.
Os astrônomos da NASA encontraram uma das respostas possíveis observando os arredores da W2246-0526 através do telescópio de micro-ondas ALMA, capaz de seguir movimento até das aglomerações mais frias de gás e poeira.
As imagens mostraram inesperadamente que o buraco negro gigantesco e a própria W2246-0526 estavam ligados por linhas grossas de gás e poeira frios aos três satélites da galáxia. A sua presença fala de que a galáxia mais brilhante do Universo está despedaçando seus vizinhos mais próximos e devorando todo o gás, poeira e matéria escura deles.
Quase toda essa matéria se desloca para o centro da W2246-0526, onde é atraída pelo buraco negro. Uma parte desse gás e poeira é absorvido pela singularidade gravitacional, mas a parte maior é jogada para trás em forma de "sobras" incandescentes que produzem imensa luminosidade.
Isso pode explicar por que os cientistas encontram frequentemente no Universo inicial galáxias estranhamente brilhantes com buracos negros enormes e por que essas galáxias se escondem do mundo exterior sob um casulo grosso de poeira e gás formado, pelos vistos, de restos de "refeições" anteriores.