14 consórcios dos Estados Unidos, Rússia, Holanda, França, Itália, Alemanha, Espanha e Portugal apresentaram propostas de interesse durante a primeira etapa do Programa Internacional do Atlântico para o Lançamento de Satélites (ATLANTIC ISLP).
O programa é um passo importante na caminhada de Portugal rumo ao desenvolvimento de novas tecnologias, voltadas para um novo tipo de mercado.
"Deve atender à crescente demanda que visa órbitas específicas para pequenos satélites, para diversas finalidades, como aplicativos de comunicação, […] aplicativos de observação da Terra, que podem ir de monitorar agricultura e pesca, oceanos, fazer medições terrestres e aéreas, até monitoramento de infraestruturas, desenvolvimento urbano, segurança, entre outros — um mercado que deve valer vários bilhões de euros na próxima década", lê-se na justificativa do programa.
A expectativa é fornecer um serviço de baixo custo para quem quiser lançar um satélite de até 500 kg para órbitas polares ou sincronizadas com o Sol, que vão de 400 até mil km de altitude. A iniciativa é do governo português e do governo regional dos Açores, "mas conta com apoio técnico da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), da qual Portugal é membro. A agência vai acompanhar e aconselhar durante todas as etapas", diz à Sputnik Brasil Piero Messina, oficial do departamento de estratégia da sede da ESA, em Paris.
"A ilha está em um ponto do oceano Atlântico onde não há proximidade com outros territórios povoados, isso dá mais segurança para as operações de lançamento", explica o especialista da ESA.
Além do investimento privado do consórcio vencedor, o investimento do governo português previsto gira em torno dos cinco milhões de euros (mais de 20 milhões de reais).
"Estão previstas correções de algumas estradas para acesso ao local do porto espacial, algumas melhorias na zona do aeroporto, para combustíveis e armazéns, na infraestrutura básica do local, rede de água, eletricidade e preparação do terreno", explica o secretário Gui Menezes.
A previsão é de que o porto espacial esteja em operação no primeiro semestre de 2021. Para o governo português, a instalação vai estimular geração de empregos e desenvolvimento para a região.
"Esperamos que surjam outras empresas relacionadas com esta área espacial, não só na área de lançamentos de microssatélites, mas também de toda a cadeia de valor, de desenvolvimento de softwares, hardwares, que haja um forte envolvimento de empresas portuguesas neste processo e também, aliado a isso, a fixação de recursos humanos qualificados nos Açores", estima Gui Menezes.