EUA compram gás russo apesar de suas próprias sanções?

© Sputnik / Yevgeny Biyatov / Acessar o banco de imagensTrabalhador da RN-Purneftegaz, uma empresa filhiada da Rosneft, na estação de compressão de gás Kharampur, na península russa de Yamal (foto referencial)
Trabalhador da RN-Purneftegaz, uma empresa filhiada da Rosneft, na estação de compressão de gás Kharampur, na península russa de Yamal (foto referencial) - Sputnik Brasil
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Devido ao clima frio no nordeste dos EUA, o gás natural liquefeito ficou 40% mais caro na semana passada, o que torna sua venda desvantajosa tanto para as exportações à Europa e Ásia, quanto internamente, segundo o especialista Aleksandr Lesnykh.

A previsão é que o inverno será tão frio quanto o do ano passado nos EUA, fazendo com que os preços do GNL se mantenham altos e as reservas nas instalações subterrâneas possivelmente se esgotem. O volume atualmente bombeado para o armazenamento subterrâneo de gás americano está em seu nível mais baixo desde 2005.

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Em outubro, o gás chegou a custar em média 3,28 dólares por mBtu (milhões de unidades de combustível britânicas) no centro norte-americano de distribuição do sistema de tubulação de gás natural Henry Hub, e em novembro chegou já a 4,8 dólares. Entretanto, o mercado asiático teve um efeito especialmente forte sobre o mercado de gás, tendo custado cerca de 7 dólares no verão do ano passado, e neste ano já é superior a 11 dólares por mBtu.

Portanto, apesar do fato de que a produção de gás nos Estados Unidos cresceu cerca de 12%, praticamente não resta combustível para suas necessidades no país, pois tudo foi contratado e vendido para a Ásia.

Mesmo no mercado doméstico as empresas de gás podem ter perdas. Para abastecer os estados nordestinos com combustível, o gás deverá ser liquefeito na fábrica de Sabine Pass, na Louisiana, e transportado por mar por mais de 3 mil quilômetros até o terminal de Boston, onde será novamente convertido para o estado gasoso. Isso torna o processo de entrega tão caro, que é muito mais lucrativo importar combustível do exterior.

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Apesar das contínuas sanções antirrussas, Washington continua a cooperar com Moscou em situações em que isso é lucrativo para os americanos. Um exemplo disso é a produtora independente de gás de Rússia, Novatek, localizada no nordeste da península russa de Yamal. Para que os EUA não sofram os efeitos de suas próprias restrições, os americanos usam os serviços de intermediários para importar remessas de GNL russo, entre eles a francesa Engie — o que já aconteceu no inverno passado e está previsto para ocorrer este ano.

Recentemente, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que "por incrível que pareça, o GNL russo está sendo enviado com sucesso para lá [EUA]", adicionando que três navios-tanque cheios de gás russo provenientes de Yamal já chegaram à costa americana.

Além disso, o quarto navio petroleiro está previsto para ser enviado em breve para o outro lado do oceano. Segundo relatos da mídia, a Novatek realizará um transbordo na Noruega e, provavelmente, esse gás russo será transferido para um dos petroleiros da Engie e entregue aos consumidores americanos.

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Os analistas duvidam que a indústria de gás dos EUA no futuro consiga atender simultaneamente as crescentes necessidades domésticas e aumentar as exportações.

O país que provavelmente sofrerá mais com essas medidas será a Polônia. Previamente, Varsóvia e Washington assinaram uma declaração conjunta sobre segurança energética e dois importantes contratos de fornecimento de GNL, de modo que o aumento dos preços americanos automaticamente aumenta o custo para os poloneses. Se a falta de gás no inverno nos Estados Unidos se repetir de ano para ano, os poloneses terão que comprar GNL com prejuízo, sem chance de recuperar os custos.

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