O governo Trump está se preparando para adicionar a Venezuela à lista de países considerados pelos Estados Unidos como patrocinadores do terrorismo, informou o jornal The Washington Post em 19 de novembro, citando supostos vínculos de Caracas com o libanês Hezbollah, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e outros grupos.
O professor da Universidade Estatal de São Petersburgo e especialista em assuntos americanos, Lazar Jeifets, compartilhou, em entrevista à Sputnik Mundo, que não considera esse passo como preparação para possíveis ações militares contra a Venezuela.
"Afinal de contas, agora não são os anos 80 quando era possível invadir Granada. Além disso, a Venezuela não é Granada, na qual, além dos construtores cubanos do aeródromo, não havia ninguém para resistir à infantaria americana", explicou o especialista.
Não importa quão negativa seja a atitude de alguns países latino-americanos em relação ao governo de Nicolás Maduro, é improvável que eles queiram ver a derrubada desse governo pela força.
Ao mesmo tempo, o especialista acrescentou que, no caso de uma invasão terrestre, esses países teriam que cooperar com os EUA. Mas, mesmo países como a Colômbia ou o Brasil não concordariam em participar dessa ação.
"Além disso, seriam necessárias certas autorizações de organizações internacionais. Eu não acho que os americanos tomem a liberdade de fazer isso em uma base unilateral", disse Jeifets.
Ao mesmo tempo, o especialista expressou surpresa com as acusações de Washington sobre os supostos vínculos de Caracas com o movimento libanês Hezbollah. Se as acusações de conexão com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) ainda têm lógica, no caso da organização libanesa tudo é mais grave.
Portanto, devem ser apresentadas evidências concretas. Como evidência, é necessário nomear pessoas específicas, nomear valores específicos, indicar canais específicos através dos quais esses valores são transferidos e provar que esse dinheiro chegou. Isso não está acontecendo.
Quanto às consequências para as relações da Venezuela com outros países após sua inclusão nesta lista, é improvável que isso venha a afetar as relações de alguma forma, o mesmo acontecendo no caso das sanções.
"Os que colaboram com Caracas provavelmente não darão atenção especial a essas sanções, já que eles próprios estão sob sanções. Essas sanções não impedem de modo algum a vida econômica plena da Rússia, China ou Cuba", explicou o especialista.
Em parte, as sanções não deverão abalar particularmente as relações da Venezuela com seus parceiros, porque são ideologicamente próximos. Portando, não há motivos sérios para alguém ter medo, enfatiza o especialista.