O investidor americano Ray Dalio acredita que a cotação do dólar colapsará em 30% devido ao "triplo déficit dos EUA", que acabará levando ao inevitável: o dólar perderá seu status de moeda de reserva global.
O mercado imobiliário já respondeu às ações do Fed com abrandamento, tendo os preços da habitação ultrapassado os níveis que precederam a crise de 2008.
Anos de depressão
Para os analistas da empresa líder global de serviços financeiros, JPMorgan Chase, a queda começará no final do próximo ano e a moeda norte-americana não poderá reverter a tendência de baixa, pois esta durará por vários anos. Desse modo, o esfriamento da economia norte-americana levará a uma pausa no ciclo de elevação das taxas do Fed no segundo semestre de 2019.
"No final, nos depararemos com a queda do dólar por muitos anos. No segundo semestre do ano que vem, se o Fed realmente fizer uma pausa, se a economia desacelerar e o resto do mundo se estabilizar, vamos testemunhar um declínio na moeda norte-americana", disse à Blooomberg a analista Morgan Gabriela Santos.
Essa tripla carência financeira dos EUA não será atrativa para os compradores estrangeiros de títulos do Tesouro, o que causará um aumento explosivo de sua rentabilidade e uma drástica queda do dólar em 30%, perdendo dessa forma o status de moeda de reserva mundial. O investidor assegura que este cenário seria o "pior pesadelo" para os Estados Unidos.
"O papel do dólar se reduzirá, os detentores de títulos de dívida americana sofrerão. Veremos como as outras moedas entrarão em cena", disse ele.
Ouro, não dólares
O poder da moderna tecnologia financeira está destruindo os "efeitos de rede" que criaram o natural monopólio da moeda, indica o economista americano e professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, Barry Eichengreen, que também acredita que os dias do dólar estão contados.
É por essa razão que a Rússia prefere cada vez mais barras de ouro a dólares, tendo suas reservas deste metal precioso atingido um nível recorde, enquanto a parcela de títulos do Tesouro nas reservas internacionais do Banco Central russo quase desapareceu.
"É por isso que países como Rússia e China estão acumulando ouro — eles sabem o que pode acontecer em poucos anos", afirmou Keith Neumeyer, presidente do Conselho de Administração da First Mining Gold.