Astrônomos descobrem reservas de água 'extraterrestre' em satélite de Saturno

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Cientistas norte-americanos estudaram o satélite Febe de Saturno e descobriram que suas reservas de água tem uma composição isotópica muito rara, incomum para o Sistema Solar. Isso indica que essa água pode ter surgido em um meio interestelar ou nos arredores extremos do Sistema Solar.

A origem da água e compostos orgânicos na Terra permanece até hoje como uma das questões mais discutíveis em astronomia. A maioria dos especialistas acredita que todos os compostos orgânicos e água do Sistema Solar se mantinham nas partes extremas do disco de gás e poeira dentro do qual nasceram os planetas do sistema.

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Segundo esta teoria, a água e matéria orgânica se espalharam em seguida por todos os mundos do Sistema Solar e devem ter uma relação isotópica e características mais ou menos parecidas. Porém, quando os cientistas mediram essa relação para a Terra, Marte e outros planetas mais distantes, acabaram percebendo que não era assim e que a nossa água tinha demasiado deutério.

Observações do asteroide Vesta e de outros corpos celestes antigos no Sistema Solar mostraram que a água poderia ter surgido na Terra logo após seu aparecimento, contrariando a teoria acima mencionada. Mais tarde, os cientistas descobriram que cerca de metade da água no nosso sistema pode ter tido como fonte o meio interestelar.

Roger N. Clark, cientista do Instituto de Ciência Planetária, e seus colegas encontraram a primeira prova da nova teoria após estudarem dados da sonda Cassini na última fase de sua vida, em que voou através dos anéis de Saturno. Dentro destes estão inclusive dois satélites do planeta gigante, Febe e Jápeto.

Mistério do "Senhor dos Anéis"

Os cientistas têm se interessado há muito tempo pela composição isotópica e química dos satélites e anéis gerados por eles, mas não puderam medir essas características até à fase final da missão de Cassini.

Antes, os pesquisadores já mediram a relação de deutério em outros satélites de Saturno, mas não acharam características que se distinguissem muito das da Terra.

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No entanto, Febe não cabe nada nesta tendência — suas reservas de água continham oito vezes mais deutério que os outros satélites do planeta. Para além disso, sua matéria tinha quatro vezes mais carbono-13 do que os outros mundos do Sistema Solar.

Para Clark e colegas, a grande quantidade de deutério e carbono-13 indica que Febe teria se formado nos arredores do Sistema Solar, ou mesmo fora dele, e seu gelo nunca derreteu ou se alterou.

"A relação entre deutério e hidrogênio na água [de Febe] é o mais alto já medido no Sistema Solar, implicando que se originou no frio exterior ao Sistema Solar, muito além de Saturno", afirmou Roger N. Clark, cientista do Instituto de Ciência Planetária.

Outro cenário possível é que o satélite tenha colidido com "cometas interestelares" ou objetos da nuvem de Oort.

Ambas as explicações colocam em dúvida o fato de a relação entre deutério e hidrogênio poder indicar onde nasceu um planeta. É muito possível que outros objetos, além de Febe, tenham entrado no Sistema Solar vindos do meio interestelar ou de pontos extremos do nosso sistema.

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