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70 anos dos Direitos Humanos: por que relativizamos princípios universais tão importantes?

© ONU/Jean-Marc FerréSaguão do Conselho de Direitos Humanos da ONU
Saguão do Conselho de Direitos Humanos da ONU - Sputnik Brasil
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Após 70 anos de sua adoção pela Organização das Nações Unidas (ONU), os direitos humanos vêm sofrendo uma série de ataques, no Brasil e no exterior, por parte de pessoas que tentam relativizá-los, por acreditarem que eles não devam ser aplicados de fato a todos os humanos, mas apenas aos chamados "humanos direitos".

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adotada pela ONU no dia 10 de dezembro de 1948. A atitude da organização foi uma resposta às crueldades cometidas durante o período da Segunda Guerra Mundial. No entanto, tantas décadas depois do reconhecimento desses princípios universais, muitos ainda questionam sua validade.

​Em todo o mundo, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não foi suficiente para impedir inúmeros casos de abuso e violações de todos os tipos contra a dignidade e a vida. Seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou na Ásia, milhões de pessoas seguem sob fortes ameaças constantes. Mas, se antes não havia tanto eco nos discursos que buscam relativizar esses abusos e violações, hoje, a ideia dos direitos humanos como um privilégio para os "humanos direitos" é abertamente defendida por autoridades, políticos, partidos e até líderes religiosos. 

Migrantes venezuelanos seguram de cartazes à procura de trabalho na cidade brasileira de Boa Vista, estado de Roraima, outubro de 2017. - Sputnik Brasil
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De que forma o próximo governo deve lidar com as políticas de migração e direitos humanos?
No Brasil, os direitos humanos passaram a ser malvistos por boa parte da sociedade, que relacionam a eles a impunidade de criminosos. Esse discurso é amplamente encampado pelo grupo político do presidente eleito Jair Bolsonaro, e ganhou muita força nas últimas eleições, presidencial e estaduais. Mas por que tantas pessoas têm compartilhado a crença de que esses princípios "só servem para defender bandidos"?

Em entrevista à Sputnik Brasil, uma representante do grupo Policiais Antifascismo atribuiu à falta de informação, ao trabalho de alguns órgãos de mídia e ao medo da violência associado ao oportunismo político a propagação dessa ideia distorcida dos direitos humanos.

 

"Acreditamos que a falta de informação da maioria das pessoas, muito pelo fato de os direitos humanos não serem divulgados, aprendidos nas escolas, raramente fazerem parte do currículo, ajuda. A visão distorcida da mídia, que, em dado momento, demoniza os direitos humanos, fazendo sensacionalismo da violência, também contribui. O medo da violência, que faz com que as pessoas sejam enganadas por políticos desonestos, que jamais possuíram um projeto sério de segurança pública, que garanta que o Estado não mate e nem torture, garantindo direitos humanos a todos", disse a porta-voz do movimento, que, recentemente, denunciou a ocorrência de casos de perseguição contra seus membros no estado de São Paulo. 

Para os Policiais Antifascismo, no Brasil, onde os direitos humanos estão muito presentes nos embates sobre segurança pública, o campo da esquerda política teria permitido que os partidos de direita se apropriassem do discurso de segurança, associando os direitos humanos à esquerda, a "coisa de comunista" e "defesa da impunidade".

"A população amedrontada se deixa levar pelo discurso fácil, do tiro, porrada e bomba. Esquecem-se de que direitos humanos são para todos, não para apenas alguns escolhidos e privilegiados." 

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