Mercado estadunidense
Sendo a maior economia mundial com o mercado financeiro mais desenvolvido, os EUA ditam o tom para outros mercados financeiros globais. O ano de 2018 não foi o melhor para as bolsas estadunidenses. Ao longo dos últimos meses o mercado de ações dos EUA tem vivido uma série de quedas, nas quais os principais índices bolsistas caíram significativamente.
O principal problema é a incerteza geopolítica e econômica, nomeadamente a guerra comercial entre os EUA e a China e as tarifas de importação sobre o aço e alumínio, que já levaram ao aumento dos custos de produção para as empresas de quase todos os setores da economia norte-americana, enquanto uma ameaça de agravamento das tensões provoca desconfiança entre os investidores.
No fim de novembro, a situação se estabilizou e as bolsas de valores até fecharam em alta graças à moratória de 90 dias na introdução das tarifas sobre produtos importados da China, acordada entre Washington e Pequim. Entretanto, depois que o presidente dos EUA Donald Trump declarou na sua conta no Twitter que ele é o "Homem das Tarifas", os mercados fecharam em baixa novamente.
Depois de uma grave queda bolsista em 10 de dezembro, Trump revelou que suas "conversações com a China estão sendo bastante produtivas e que haverá anúncios importantes brevemente". Com uma expetativa positiva sobre o comércio, algumas bolsas norte-americanas fecharam em alta nos últimos dois dias. Entretanto, qualquer passo imprudente poderia levar a uma nova queda bolsista, porque em geral a situação é instável. Por exemplo, em 11 de dezembro Trump ameaçou paralisar o governo se não conseguir fundos suficientes para a construção do muro na fronteira com o México, o que, por sua vez, levou às quedas dos índices Dow Jones e S&P 500.
O próprio Trump acredita que é a Reserva Federal (Fed, banco central dos EUA) a responsável pela queda nas bolsas devido à sua política de aumento de taxa de juros. A elevação da taxa de juros leva ao aumento do custo de financiamento das empresas. Tendo em consideração que a maioria das empresas norte-americanas vive a crédito, as consequências do aumento do custo da dívida poderiam ser verdadeiramente graves. A próxima reunião da Reserva Federal será realiza em 19 de dezembro. Espera-se que as taxas sejam elevadas mais uma vez – pela quarta vez este ano.
Situação global
Na época de globalização todos os mercados financeiros estão interligados, por isso as bolsas em todo o mundo não conseguem evitar os sinais negativos lançados pelo mercado norte-americano. O efeito dominó atingiu as principais bolsas asiáticas, europeias e latino-americanas.
Entretanto, essa espécie de incredibilidade dos investidores na economia estadunidense não é a única razão das quedas nas bolsas globais. Os principais atores globais têm problemas internos que causam situações desfavoráveis nos seus mercados de valores.
Por exemplo, no início de dezembro os dados oficiais mostraram que a disputa comercial entre Washington e Pequim enfraqueceu a balança comercial da China. O Japão publicou dados, segundo os quais no terceiro trimestre de 2018 a economia japonesa registrou a maior contração em mais de quatro anos.
O mercado financeiro russo, por sua vez, foi afetado pela desvalorização do rublo e pela ameaça de introdução de novas sanções por parte dos EUA.
Quanto ao Brasil, a volatilidade observada no mercado externo influencia o mercado de valores brasileiro. Nos últimos dias, o Ibovespa tem fechado em alta graças ao tom de alívio nas tensões comerciais sino-estadunidenses.
O que esperar no futuro próximo?
Tradicionalmente, em dezembro os mercados financeiros estão em alta – o chamado rali de Natal. Entretanto, levando em conta a situação atual nas bolsas mundiais, 2018 poderia ficar sem rali de Natal.
Analistas têm opiniões diferentes sobre os prazos de uma nova crise financeira. Por um lado, há quem tenha certeza que a crise financeira de grande escala vai rebentar já em 2019. Por outro lado, há analistas que acreditam que a crise global poderia ocorrer mais tarde. Na verdade, é praticamente impossível prever a data exata do início de uma nova recessão global. Entretanto, hoje em dia, os mercados financeiros dão os sinais acima mencionados que uma nova crise estaria por vir.