A produção de cereais e oleaginosas do bloco comercial cresceu 220% nos últimos 25 anos, enquanto que no resto do mundo o crescimento correspondeu a apenas 25%. Vale destacar que em 2030 a região será a primeira exportadora capaz de satisfazer metade da demanda mundial de grãos.
A potencialidade demonstrada pelos países do Mercado Comum do Sul será fragilizada pela guerra comercial sino-americana e pelas medidas protecionistas em crescimento, de acordo com Gustavo Idígoras, presidente da Câmara da Indústria Azeiteira e do Centro de Exportadores de Cereais da Argentina (CIARA — CEC), que falou com a Sputnik Mundo.
Em segundo lugar, porque "Estados Unidos estão subsidiando a produção para exportar para o resto do mundo soja, farinha e azeite, visto que não podem mais exportar para a China, que era sua compradora histórica".
Na terceira e última razão entram Brasil e Argentina, países pelos quais a China substituiu os EUA na hora de comprar. "O mercado hoje é abastecido em uns 70% pelo Brasil e de 15% a 20% pela Argentina, o que está levando a uma primarização das exportações fundamentalmente da Argentina."
Espera-se que em 2019 a Argentina tenha uma colheita recorde de 135 milhões de toneladas de grãos, dos quais 54 milhões serão de soja, com uma safra de trigo de cerca de 27 milhões de toneladas.
"A Argentina perderá produtos industrializados e processados, como farinha e azeite, nas mãos dos Estados Unidos, que estão subsidiando a produção e as exportações, e também venderá apenas produtos primários", acrescentou.
Estados Unidos impuseram neste ano direitos antidumping por 150% e Europa inventou uma investigação alegando que o governo da Argentina e os governos provinciais estão subsidiando a produção de biodiesel, o que é absolutamente falso, e vai impor a partir de janeiro direitos compensatórios antissubsídios, o que significa que no ano que vem não se poderá vender biodiesel para a Europa, que é o principal comprador global, resume Idígoras.
Dessa forma o protecionismo como um fenômeno no comércio global segue se expandindo e se generalizando, sendo "a principal epidemia do mundo".