"O meteorito que caiu na Terra no fim do período do Cretáceo [cerca de 66 milhões de anos atrás] e causou a extinção dos dinossauros tinha o tamanho de vários quilômetros. Nós conhecemos 99% dos meteoritos com tamanho de mais de um quilômetro que se estão aproximando da Terra", declarou à Sputnik República Tcheca o cientista do Instituto de Geologia da Academia das Ciências tcheca, Tomas Kohout, que participa da missão.
Se os astrônomos detectarem um asteroide perigoso que possa atingir a Terra, será necessário encontrar um modo de salvar o nosso planeta. Então, os cientistas começaram a pensar sobre como mudar a trajetória dos asteroides potencialmente perigosos.
A NASA e a ESA criaram o projeto AIDA (Asteroid Impact & Deflection Assessment), no âmbito do qual elas tentarão alterar a trajetória do asteroide e efetuar uma análise minuciosa de todo o experimento.
Em 2022, a sonda norte-americana DART colidirá com o asteroide Didymos, que está a uma distância de 10,6 milhões de quilômetros da Terra. A sonda europeia investigará o tamanho da cratera provocada no asteroide pela DART, afirmou Kohout.
O satélite miniaturizado APEX, desenvolvido por um consórcio europeu com participação do Instituto de Geologia da Academia das Ciências tcheca e da empresa tcheca Space Systems Czech, realizará uma análise detalhada da superfície e da estrutura interna do asteroide. O pequeno tamanho da APEX permitirá efetuar as manobras mais perigosas em uma órbita muito mais baixa, inclusive tentar pousar.
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"Também queremos verificar se podemos usar tais sondas pequenas no futuro para estudar planetas ou asteroides. Sendo pequeno, ele também é mais barato", esclareceu Kohout.
A análise do impacto é muito importante para avaliar o desvio do asteroide da sua trajetória, para enxergar debaixo da superfície do asteroide e para uma potencial extração de matérias-primas que podem se esgotar na Terra.
"Em geral, a superfície de corpos celestes sem atmosfera é submetida à ação do vento solar. Acontece a assim chamada erosão espacial. Graças ao sensor da DART será possível ver a diferença entre a superfície fresca, formada em resultado do impacto, e a que sofreu erosão", ressaltou o cientista tcheco.
Hoje predomina a tendência de rejeição do combustível fóssil e de uso de mais energia elétrica, o que exige muitos metais nobres para baterias, magnetos e motores, segundo Kohout. Mas os metais nobres estão concentrados no núcleo terrestre, e daqui a 10-20 a sua quantidade na crosta terrestre será insuficiente para satisfazer o consumo de eletrônica ou baterias, assinalou.
"Daqui a algumas décadas nós seremos obrigados a buscar onde obter recursos adicionais para a nossa civilização. Os asteroides são um dos lugares onde os poderíamos encontrar", declarou Kohout.
De acordo com a base de dados Asterank, que inclui a lista de asteroides que podem ser usados potencialmente, o Didymos ocupa o quinto lugar do ponto de vista econômico. A APEX deve revelar quanto ferro e níquel há no Didymos.
"No futuro, se alguém quiser usar asteroides, poderá escolher entre várias variantes e realizar uma missão de investigação, composta por várias sondas pequenas que chegarão aos asteroides escolhidos e os analisarão. Nós estamos no processo de desenvolvimento dessa tecnologia", concluiu Kohout.